Sem Terra mobilizam no extremo sul da Bahia pela produção de alimentos saudáveis

Cerca de 620 agricultores se reuniram para realizar o planejamento de 2016, prezando a produção de alimentos sem agrotóxicos.

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Do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Cerca de 620 trabalhadoras e trabalhadores Sem Terra realizaram entre os dias 19 e 21 de novembro os encontros das brigadas Joaquim Ribeiro e Olga Benário, nos municípios do Prado e Itamaraju, no extremo sul baiano.

Os encontros cumpriram o objetivo de fomentar para 2016 o processo de formação, as formas de cooperação na produção agroecológica e, em especial, provocar uma mudança na qualidade de vida e na produção de alimentos sem agrotóxicos.

Durante o encontro, os trabalhadores afirmaram que a produção de alimentos agroecológicos é uma tarefa política da classe trabalhadora, principalmente numa região caracterizada pelo domínio dos grandes latifundiários e das transnacionais do eucalipto.

Evanildo Costa, da direção estadual do MST, disse que diante da conjuntura atual a classe dominante está se articulando para uma nova ofensiva contra a classe trabalhadora nas eleições de 2016.

“A unidade entre os trabalhadores do campo e da cidade será a chave para identificar, denunciar e impedir que os candidatos representantes dos interesses do capital transnacional na região cheguem ao poder”, explicou.

“Precisamos demonstrar ao mundo que as formas de produção do capital estão gerando opressão e morte. A defesa da soberania alimentar através da agroecologia é um dos caminhos para a construção da Reforma Agrária Popular”, afirmou Costa.

 

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Coordenação coletiva

Valquíria de Jesus, do MST, enfatizou a importância da coordenação coletiva como ferramenta capaz de impulsionar a participação de todos na transformação social, política, cultural, ambiental e econômico.

“A lógica do capital traz como tática de dominação, de divisão e da cultura do individualismo que afeta diretamente as famílias e todo processo coletivo. O trabalho e a direção coletiva é uma importante ferramenta contra essa lógica”, destacou Jesus.

Neste sentido que Leandro Dominicine, também da direção estadual do MST, relembrou que para viver e produzir de maneira agroecológica é necessário fortalecer os processos de formação em todos os espaços para que se rompa com a cultura do capital. 

“Um dos resultados da formação teórico-prática dos trabalhadores do campo será a diversidade de alimentos que forneceremos em 2016 nos municípios da região, demonstrando que a agroecologia é o caminho contra o agronegócio”, apontou Dominicine.

Denunciando o conservadorismo

Nos encontros, os Sem Terra denunciaram o jogo e a articulação política dos “poderes burgueses que estão a serviço do capital e contra a classe trabalhadora”.

Para eles, há representantes do poder judiciário (juízes e oficiais de justiça) na região agindo de forma parcial e tendenciosa a favor da classe dominante, com objetivo de criminalizar a luta dos movimentos populares.

Exemplo disso foi a forma truculenta com que aconteceu os despejos nos acampamentos do MST no município de Itanhém e Jucuruçu, onde as famílias, além de receberem uma liminar e terem de abandonar suas produções e lares, “foram afrontadas e abordadas covardemente por homens armados em tratores que iriam destruir seus barracos e pertences”, denunciaram.

“O poder judiciário ignorou a situação irregular das propriedades, a comprovada improdutividade e as denúncias feitas pelas famílias sobre a violação dos direitos trabalhistas nessas fazendas. O juiz da região defendeu os latifundiários e criminalizou os trabalhadores”, concluíram.