Movimentos organizam a maior unidade da esquerda desde Collor

Diversas organizações estão convocando toda a população brasileira a saírem às ruas no próximo dia 16, contra o impeachment, o ajuste fiscal e pelo fora Cunha.
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Coletiva de Imprensa com movimentos sociais conclamando para o ato nacional do dia 16/ Foto: Roberto Parizott

Por Bruno Pavan
Do Brasil de Fato

Foi formalizada nesta quarta-feira (9) uma convocatória de um amplo leque de movimentos sociais contrários ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. CUT, CTB, Intersindical, MST, MTST, Conen e UNE, estão na comissão organizadora do protesto que acontecerá na próxima quarta-feira (16) no vão livre do Masp, na capital paulista. 

“É a maior unidade da esquerda brasileira desde o impeachment de Fernando Collor”, destacou o presidente da CUT, Wagner Freitas, afirmando que o afastamento da presidenta nesse momento significa retirada de direitos dos trabalhadores. 

Gilmar Mauro, do MST, reforça que os diversos grupos reunidos em tornos dessa pauta possuem muitas diferenças, mas que estão juntos nessa pauta porque “os movimentos não formam covardes”. “Vamos para as ruas porque esse é o nosso país e a democracia foi conquistada com sangue de muita gente”. 

Crítica ao ajuste 

“Entendemos que ser contra o impeachment não significa necessariamente defender as políticas adotadas pelo governo. Ao contrário, as entidades que assinam este manifesto têm lutado durante todo este ano contra a opção de uma política econômica recessiva e antipopular”, critica a nota convocatória. 

Para a presidenta da UNE, Carina Vitral, é essencial que os movimentos não abaixem as bandeiras do dia-dia em função da posição contrária ao impeachment. Para ela, é importante os movimentos passarem por esse momento de crise nas ruas. “Quando a crise passar, nós temos certeza que serão as forças dessas bandeiras que podem desencadear mais avanços sociais e dar mais fôlego para novos direitos”. 

Fora Eduardo Cunha 

Outra pauta é o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que está sendo processado pelo Conselho de Ética da Câmara por mentir na CPI da Petrobras quando disse que não possuía contas no exterior. 

Na convocatória divulgada pouco antes da entrevista coletiva que aconteceu no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, os movimentos apontam que pressionarão pelo afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por conta das acusações de corrupção, e que não deixarão de de lado a bandeira contra o ajuste fiscal. 

“Eduardo Cunha não legitimidade e nem autoridade sequer pra manter o seu mandato, quanto menos para comandar um processo de impeachment. Ele deveria estar na Papuda a essa hora, e não no Congresso nacional”, disse o coordenador do MTST, Guilherme Boulos. 

Ele ainda resgatou o programa econômico apresentado pelo PMDB denominado “Uma Ponte para o Futuro” para apontar como seria um futuro governo Michel Temer. 

“[O programa] traz uma série de retrocessos, ataca os direitos dos trabalhadores, e nos leva a um cenário anterior ao da Constituição de 1988. Isso nos coloca, como esquerda e representantes de movimentos populares, numa posição contrária a esse impeachment”, explicou. 

Comissão do Impeachment

Na tarde da ultima terça-feira (8) a chapa comandada pela oposição venceu a indicação para comandar a comissão que vai analisar o impeachment. O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edison Fachin, no entanto, travou o processo. Ele deferiu um pedido judicial do PC do B, já que Cunha apontou que a votação fosse secreta, o que não consta na Constituição Federal.

“É essencial que o Supremo se posicione nesse momento. Ontem, o que não foi permitido foi que o Cunha aplicasse mais um golpe dos vários que ele tem tentado fazer”, apontou Freitas.

Na Capital Paulista, o ato de unidade entre os movimentos ocorre no dia 16, às 17h, com concentração no vão livre do Masp.