Fusão entre DuPont e Dow Chemical: mau negócio para as pessoas e para o planeta
Por Sarah Lazare
Da CommonDreams
Grupos de vigilância soam seus alarmes depois que duas das maiores e mais antigas empresas dos EUA, DuPont e Dow Chemical, anunciaram planos para se fundirem em um gigante de $130 bilhões, estabelecendo assim o maior conglomerado de sementes e pesticidas do mundo.
O novo gigante, chamado DowDuPont, seria então dividido em “três empresas de capital aberto independentes, através de isenção de impostos por derivagem [ou spin-offs]”, de acordo com uma declaração conjunta, que demarca um dos maiores negócios de 2015.
Essas empresas se concentrariam em agricultura, engenharia de materiais e “tecnologia orientada para a inovação – Specialty Products”, prossegue o comunicado. Juntos, elas formariam a segunda maior empresa de produtos químicos a nível mundial.
A fusão, se aprovada, promete reduzir numerosos postos de trabalho.
Se aprovada, promete expandir a influência desses dois gigantes da Big Ag, com o risco combinado de controle sobre “17% das vendas globais de pesticidas e cerca de 40% do mercado de sementes de milho e de soja dos EUA”, de acordo com cálculos dos analistas do Washington Post.
Grupos de direitos humanos advertem que essa percentagem elevada seria muito prejudicial pras pessoas e pro planeta e apelam ao Departamento de Justiça pelo bloqueio da fusão.
“Apenas um punhado das grandes empresas de engenharia química, incluindo Dow e DuPont, já controlam a maior parte do fornecimento de sementes usadas na produção de culturas como milho e soja, bem como os herbicidas com que as sementes geneticamente modificadas são projetadas para serem cultivadas,” disse Wenonah Hauter da Food & Water Watch, em um comunicado divulgado sexta-feira.
“Qualquer fusão que consolide este mercado em menos mãos representa menos opções aos agricultores e os coloca em uma desvantagem econômica ainda maior”, continuou Hauter. “E isso tornará mais difícil para que os agricultores saiam da dependência em relação aos insumos e aos organismos geneticamente modificados, que apenas aumenta em velocidade. O Departamento de Justiça precisa bloquear esta fusão e impedir a controle corporativo dos fundamentos do nosso abastecimento alimentar”.
De acordo com o New York Times, “Apesar da eventual dissolução, o negócio seria objeto de uma análise antitruste rigorosa sobre as três empresas, em particular a empresa de produtos químicos agrícolas.”
Diana Moss, presidente do American Antitrust Institute, confirmou sexta-feira que “qualquer fusão entre os domínios agrícolas da DuPont e da Dow receberão exame minucioso antitruste”.
No entanto, grupos de vigilância alertam que o anúncio de fusão não deixa de ser um mau sinal, notadamente em uma indústria que já foi objeto de consolidação dramática.
“Alguns dos mercados de biotecnologia e sementes são altamente concentrados, o que foi impulsionado pela Monsanto em suas tantas aquisições no passado. Se uma nova fusão entrar nessa mistura, teremos que nos preocupar com apenas duas ou talvez três empresas”, explicou Moss. “Os agricultores poderiam ser ainda mais espremidos e os consumidores poderiam pagar preços ainda mais altos”.
Robert Reich, professor da Universidade da Califórnia e ex-secretário do Departamento do Trabalho, foi às redes sociais para alertar que a fusão resultaria em maior poder político para a corporação, bem como “preços mais altos para você em alimentos e outros produtos”.
“Os preços das culturas continuam em declínio, então a única maneira que estas empresas gigantes encontram para aumentar seus ganhos está em um incremento do seu poder de mercado, para depois aumentar os preços. (Monsanto também está à espreita para comprar uma Big Ag ou uma empresa química)” Reich continua. “Isso significa que mais do seu salário estará indo para eles, direta ou indiretamente.”