Sem Terra reocupam Superintendência de Educação em São Mateus

A Sedu quer acabar com a pedagogia de alternância. Agora os trabalhadores rurais tentarão uma audiência com o governador do ES.

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Da Página do MST

Cerca de 250 integrantes do MST voltaram a ocupar na manhã desta quinta-feira (11) a sede da Secretaria Regional de Educação do município de São Mateus, no Espírito Santo, contra medida que reduz a carga horária dos trabalhadores das redes. Os Sem Terra já haviam ocupado o local nos últimos dias 4 e 5 de fevereiro.

Porém, mais uma vez, Haroldo Rocha, da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), se mostrou irredutível para qualquer abertura de diálogo com os trabalhadores rurais.

“Ele alega que não tem como assumir legalmente a pedagogia de alternância, mas não se trata de uma questão legal, mas de uma questão política”, disse Fátima Ribeiro, educadora e membro da direção estadual do MST.

Segundo Ribeiro, a proposta da secretaria prejudica a educação na região, uma vez que desconsidera a Pedagogia da Alternância, praticada há mais de 30 anos nos assentamentos. Neste modelo, os alunos intercalam um período de convivência na sala de aula com outro no campo, garantindo a permanência dos alunos no meio rural.

A proposta do estado é pagar somente a hora/aula dada por cada educador, não contabilizando outros elementos da pedagogia, como os tempos de acompanhamento do campo e da auto-organização dos estudantes, por exemplo.

A falta de diálogo com a Sedu fez com que os Sem Terra desocupassem o prédio e buscassem uma outra alternativa. Na próxima segunda-feira (15) eles descerão até a capital Vitória e exigirão uma audiência com o governador e o secretário de educação.

Privatização da educação pública

Assim como em São Paulo e Goiás, os estudantes da rede pública capixaba também iniciaram um processo de luta no final do ano passado contra o desmonte da educação no estado. 

Porém, na semana passada o Tribunal de Justiça do Espírito Santo concedeu liminar contra o fechamento de turmas, turnos e escolas. A decisão requer que o Estado realize a reabertura das matrículas online, disponibilização de todo o corpo técnico, materiais para o pleno funcionamento das instituições, além da contratação de professores para o preenchimento das disciplinas estabelecidas na grade curricular. 

Segundo Ribeiro, essa medida judicial foi uma importante vitória na luta contra a privatização da educação. 

“Querem implementar no Espírito Santo o mesmo modelo de educação que está sendo implementado no estado de São Paulo, com a junção de turmas e o fechamento de salas de aula e de escolas”, disse a educadora.

Para ela, essas mudanças é uma forma “do capitalismo avançar na educação, transformando a educação em mercadoria. O embate é para privatizar a rede pública de ensino, assim como já fazem com a saúde pública. Isso é um tratamento ilegal, já que a Constituição prevê o direito à educação pública e de qualidade”, acrescenta.