Em Jornada de Luta, mulheres Sem Terra denunciam o agronegócio

Dentre as pautas gerais tratadas esse ano estão os agrotóxicos, a mineração, a reforma da previdência, a violência contra a mulher e a impunidade no Massacre de Eldorado dos Carajás.

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Por Maura Silva
Da Página do MST

 

A Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas neste ano traz o lema: Mulheres na luta em defesa da natureza e alimentação saudável, contra o agronegócio.

Com isso, milhares de mulheres Sem Terra se mobilizarão em todo país durante a primeira quinzena de março para denunciar o capital estrangeiro na agricultura brasileira e as empresas transnacionais, chamando a atenção da sociedade do modelo destrutivo do agronegócio para o meio ambiente, a ameaça à soberania alimentar do país e a vida da população brasileira, afetando de forma direta a realidade das mulheres.

Ao mesmo tempo, as camponesas apresentarão como alternativa o projeto de agricultura baseado na agroecologia, e propõe a luta em defesa da soberania alimentar.

 

Em entrevista, Silva Reis Marques, do coletivo de mulheres do MST, fala sobre as perspectivas da Jornada. Para ela: Só existe um caminho: lutar para que o conjunto da sociedade compreenda que estão sendo retirados nossos direitos e que não podemos aceitar isso. Precisamos da unidade dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Outro tema que será pautado pelas mulheres Sem Terra é o Massacre de Carajás, que em 2016 completa 20 anos. 

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Acompanhe a entrevista:

Qual o objetivo da Jornada deste ano?

A Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra 2016 traz o lema Mulheres na luta em defesa da natureza e alimentação saudável, contra o agronegócio.  E nosso objetivo geral é fazer a luta contra o capital e o agronegócio, e também denunciar as opressões que sofrem a classe trabalhadora, em especial as mulheres.

E quais serão os principais temas abordados? Fale sobre cada um deles.

As pautas gerais da luta são os agrotóxicos, a mineração, a reforma da previdência, a violência contra as mulheres, as sementes transgênicas, a Reforma Agrária e a impunidade  no Massacre de Eldorado dos Carajás. 
A jornada também denuncia o capital estrangeiro na agricultura brasileira por meio das empresas transnacionais, chamando a atenção da sociedade do modelo destrutivo do agronegócio para o meio ambiente, a ameaça à soberania alimentar do país e a vida da população brasileira, afetando de forma direta a realidade das mulheres.

O modelo agro –hidro -minero exportador não pode continuar sendo base da economia da sociedade brasileira. Além disso, as lutas denunciam a impunidade em relação à violência contra as trabalhadoras e os trabalhadores camponesas/es. 

Também exigimos a punição da Vale/Samarco de forma imediata. É preciso que o poder público reveja a atuação destas mineradoras em nosso território, em que situações de desrespeito aos direitos da população local são sempre denunciados, mas quase sempre nada é feito.  

Quais continuam sendo as maiores dificuldades das mulheres no campo?

As maiores dificuldades que temos dizem respeito ao acesso à terra, às políticas públicas e créditos para as mulheres.

A taxa de violência no campo é extremamente elevada, nesse sentido, o que a mulher Sem Terra faz para combater essa estatística dentro e fora do Movimento?

Segundo o Mapa da Violência de 2015, divulgado em novembro, o Brasil apresenta uma taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres, a 5ª maior do mundo, conforme dados da Organização Mundial de Saúde que avaliaram um grupo de 83 países.

Vale ressaltar que em mais da metade dos casos (55,3%) o crime ocorre em ambiente doméstico, sendo que 33,2% dos homicidas são parceiros ou ex-parceiros de suas vítimas. Diante disso, temos feito vários processos de formação e luta, como o 25 de novembro, quando o tema é amplamente discutido dentro do Movimento.

Debatemos questões de gênero com os companheiros e as companheiras e orientamos para que sejam feitas as denúncias e tomadas providências. Mas é importante ressaltar que ainda precisamos de muita luta para conseguir condições para que as mulheres possam além de denunciar, ter um amparo jurídico e legal. A lei Maria da Penha foi um importante passos, mas ainda existem muitas lacunas e muito a ser feito dentro e fora do Movimento.

Os direitos da classe trabalhadora, em especial da mulher, estão sendo constantemente ameaçados pela atual configuração do Congresso Nacional. De que maneira as mulheres e a sociedade de uma forma geral podem coibir essa ameaça?

Só existe um caminho: lutar para que o conjunto da sociedade compreenda que estão sendo retirados nossos direitos e que não podemos aceitar isso. Precisamos da unidade dos trabalhadores e das trabalhadoras.