MST ocupa mais duas áreas griladas pela empresa Araupel

As mulheres denunciam a apropriação ilegal de terras feitas pela Araupel e denunciam o descaso do estado com reforma agrária na região Centro do Paraná.

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Por Riquieli Capitani
Da Página do MST

Cerca de 700 famílias sem terra ocuparam na madrugada desta terça-feira (9), as fazendas Dona Hilda e Santa Rita, em Quedas do Iguaçu, região centro do Paraná. As duas áreas com aproximadamente 2,3 mil hectares, fazem parte do mesmo título Rio das Cobras griladas pela empresa Araupel.

No domingo (6), cerca de 450 famílias Sem Terra, acampadas no Herdeiros da Terra de 1° de Maio, em Rio Bonito do Iguaçu, já haviam ocupado uma outra área denominada Guajuvira pertencente ao título Pinhal Ralo nas terras também griladas pela empresa Araupel.

As ocupações fazem parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas que neste ano traz o lema: “Mulheres na luta em defesa da natureza e alimentação saudável, contra o agronegócio”.

Como parte das ações da Jornada Nacional, cinco mil mulheres Sem Terra do Paraná, realizaram ontem (8) uma ação relâmpago, nas dependências da empresa Araupel, em Quedas do Iguaçu.

As trabalhadoras destruíram mudas de eucalipto e pinus para denunciar o modelo destrutivo do agronegócio e seus impactos para o meio ambiente, como por exemplo: a expansão da monocultura de pinus e eucalipto, que transforma as terras em um deserto verde improdutivo do ponto de vista da soberania alimentar.

O MST critica os ‘deserto verde’ da monocultura de pinus e eucalipto, que destrói a biodiversidade do território, deteriora o solo, secam os rios, ocupando grandes extensões de terra, que poderiam ser utilizadas para produzir variedade de alimentos saudáveis por família a espera da reforma agrária.
 

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As mulheres também denunciam a apropriação ilegal de terras feitas pela Araupel. No final do ano passado a justiça federal anulou as matrículas de nove imóveis que estão sob domínio da empresa, assim, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a decisão mantém a empresa área apenas como usuária, mediante concessão de direito real de uso, isso significa que a Araupel está fazendo o papel de inquilina do imóvel e que, portanto, deve pagar pelo seu uso.

Outra preocupação das trabalhadoras sem terra é o descaso da reforma agrária na região Centro do Paraná, nesta região há acampamentos com mais 18 anos. Somente nessa região são mais de 3,5 mil famílias acampadas, sendo mais de 10 mil pessoas.

No Paraná, são mais de 12 mil Sem Terra acampados em 80 áreas.