“Não vamos aceitar que rasguem a constituição e sapateiem na democracia”

Parlamentar realizou Grande Expediente em Defesa da Democracia e da Legalidade, contra o Golpe, na Assembleia Legislativa do RS.

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Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Fotos: Leandro Molina

 

O Grande Expediente em Defesa da Democracia, da Legalidade e contra o Golpe, proposto pelo deputado estadual Edegar Pretto (PT), reuniu dezenas de militantes de movimentos populares e de centrais sindicais na tarde desta quarta-feira (23), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A iniciativa teve como objetivo denunciar o golpe em curso no país e mobilizar a população para a defeder a democracia.

“Não se iludam, não havia nada que justificasse o golpe em 1964, e não há nada que justifique o pretendido golpe agora. Ainda é jovem a nossa democracia. Não é hora de romper com ela, pois as consequências serão incertas e perigosas”, disse o deputado.

Edegar lembrou o cenário político e social estabelecido a partir de 1961 com a renúncia de Jânio Quadros e a posse conturbada de João Goulart, o que causou o desmantelamento da economia do país, o acirramento dos conflitos das elites contras os pobres e uma grande instabilidade institucional.

Ele ainda falou das marcas deixadas pelo golpe de 64 com a instalação da ditadura militar, como a restrição da participação popular, extinção de partidos políticos, repressão violenta aos movimentos de oposição e assassinatos.

“Aqui no Rio Grande do Sul temos vários exemplos que são testemunhas vivas do que foi a ditadura. O João Carlos Bona Garcia, que ajudou a fundar o PMDB após sua volta do exílio no Chile, foi preso e torturado. O advogado Índio Vargas, figura ativa do movimento da Legalidade, liderado pelo então governador Leonel Brizola, também foi preso e torturado com choques elétricos.

Em São Paulo, Carlos Marighella, considerado um dos principais inimigos do regime, foi executado sumariamente pelos militares”, argumentou.

No espaço de apartes, o deputado estadual Juliano Rosso (PCdoB) destacou que foram 21 anos de luta contra a ditadura e afirmou que “o povo brasileiro não pode entregar a democracia aos golpistas porque os setores do judiciário querem promover o impeachment da presidente da república, assim como quer o deputado Eduardo Cunha”.

“Tivemos quatro vitórias das forças populares na presidência e os setores da oposição não aceitam isso. Eles deviam fazer seu dever de casa e tentar disputar as eleições em 2018. Ao invés disso, eles se aliam às forças golpistas. Este é um momento de diálogo com a sociedade porque o Brasil pode ser levado para um caminho sem volta e contra a democracia”, apontou Rosso.

Seletividade midiática e judiciária

O deputado Edegar Pretto repudiou a seletividade do poder judiciário, especialmente do juiz Sérgio Moro, e da grande mídia ao tratar dos casos de corrupção no país, e defendeu que as investigações ocorram sem ódio político.

“Não vamos aceitar que rasguem a constituição e sapateiem na democracia. A corrupção tem que ser combatida, mas de forma séria e transparente, sem enganações, artimanhas ou vazamentos ilegais com intuito de causar o caos no país”, disse Pretto, acrescentando que a mais recente vítima da “fúria fascista” de Moro é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Por que o tratamento diferenciado ao que está sendo questionado em relação ao ex-presidente Lula – um sítio de 17 hectares em Atibaia, um apartamento triplex em São Paulo – e não se questiona os bens do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – um apartamento em Paris avaliado em 11 milhões de reais e uma fazenda em Buritis? E o aeroporto do ex-governador Aécio Neves – construído na propriedade da sua família? E Furnas? E o roubo da merenda escolar no estado de São Paulo? E Paulo Maluf e a família Sarney?” indagou o petista.

Neste sentido, Pretto também questionou a impunidade do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de outros políticos envolvidos em esquemas de corrupção.

“O que sustenta até agora a manutenção do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que mentiu sobre suas contas bancárias em paraísos fiscais, e que não explica a origem de milhões de reais nessas contas, e está lá presidindo a Casa Legislativa nacional que julgará o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff? Que moral tem esse cidadão?

Os impasses – legítimos da política – têm que ser superados dentro da democracia e da legalidade, e o resultado das urnas precisa, definitivamente, ser respeitado”, enfatizou.
Conforme Edegar, as ações da direita em curso são tentativas de inviabilizar Lula para as eleições de 2018. Ele alega ainda que não existem fatos com base jurídica que sustentem o atual processo de impeachment contra a presidente Dilma.

“As pedaladas fiscais são instrumentos utilizados por qualquer gestor público, do prefeito ao presidente, e não é de hoje. É mais uma invenção da oposição inconformada com o resultado das eleições para manter o terceiro turmo”, declarou.

Dia Nacional de Mobilização

Edegar adiantou que os movimentos populares do campo e da cidade e organizações sindicais, “também em memória daqueles que lutaram pela democracia”, não sairão das ruas, e convocou o público para participar do Dia Nacional de Mobilização – próximo 31 de março –, realizado pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo. Em Porto Alegre haverá um ato na Esquina Democrática, a partir das 17 horas.

“É hora de levarmos as informações corretas para as ruas. Buscar a construção de uma grande corrente nacional, criando comitês populares em universidades, bairros e ruas de todos os municípios”, finalizou.