MST ocupa fazenda ligada a Temer em São Paulo

Com a ocupação, os manifestantes denunciam as conspirações golpistas de Temer, muitas vezes articuladas de dentro da propriedade.

 

 

Da Página do MST 

Na manhã desta segunda-feira (9), mil famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam a fazenda Esmeralda, com sede em Duartina, interior de São Paulo, a fazenda é ligada ao vice-presidente Michel Temer (PMDB).

O objetivo da ocupação é denunciar as conspirações golpistas de Temer, muitas vezes articuladas de dentro da propriedade. Coma a ação, os Sem Terra também recolocam a pauta da Reforma Agrária em todo país.

A fazenda tem cerca de 1500 hectares, fica entre os municípios de Duartina, Fernão, Gália e Lucianópolis. Apesar de não constarem registros documentais em nome de Temer, é recorrente para os moradores da cidade a noção de quem é o verdadeiro dono da área.

Temer é cunhado com a expressão “o homem está aí!”, sempre que chega na fazenda para participar de articulações regionais e nacionais do PMDB.

Os manifestantes denunciam também o cultivo eucalipto na propriedade, chamado de “deserto verde” pela sua atuação maléfica ao solo.

Além dos prejuízos ambientais, o agronegócio praticado ali já foi denunciado pelo Ministério Público do Trabalho como forma de agressão aos direitos trabalhistas, quando foram realizadas na área diligências que identificaram trabalho em condições análogas à escravidão.

“A ocupação dessa fazenda é para denunciar a intervenção do agronegócio na articulação do golpe. Estamos aqui para denunciar as ligações escusas de Michel Temer com o proprietário da fazenda e sua empresa de fachada para arregimentar propina, informa Kelli Mafort, da Direção Nacional do MST. 

 

Denúncias

A Argeplan, empresa do proprietário formal da fazenda, Coronel “Lima”, começou a crescer após a chegada de Temer no alto escalão do governo.

Num contrato de R$ 162 milhões com a empresa Engevix, cujo proprietário José Antunes foi preso na operação Lava Jato, foi revelada (em delação premiada pelo próprio Antunes) a passagem de propina no valor de R$ 1 milhão para o PMDB de Temer.

Apesar de ter mais de 1500 hectares, em uma situação análoga ao “sítio de Atibaia” – factoide criado pela mídia -, remetido ao ex-presidente Luiz Inácio &”39;Lula&”39; da Silva, a fazenda Esmeralda no interior de São Paulo nunca teve a mesma cobertura de sua real posse pelo pemedebista Michel Temer.

Além de sediar atividades regionais do PMDB, a propriedade funcionou como QG das articulações golpistas do Vice, que esteve no local no último dia 1º de maio.

Amigo de torturador

Além de golpista, os manifestantes relembram que Temer era amigo pessoal do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido torturador nos porões do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão que chefiou durante a ditadura.

No processo de acusação de Ustra, Temer foi sua testemunha de defesa, juntamente com outros dois nomes conhecidos pelo envolvimento em corrupção: Paulo Maluf e José Maria Marin.

“O coronel laranja”

João Batista Lima Filho, o Coronel Lima, sócio da Argeplan e proprietário formal da fazenda Esmeralda, é coronel da reserva da Polícia Militar da Paraíba, mas curiosamente é proprietário de milhares de hectares de terras em São Paulo. Segundo denunciam os militantes do MST, ele é o “homem do trabalho sujo” entre as empresas e os políticos do PMDB.

Segundo constam nas informações do MST, o Coronel Lima, sendo homem de extrema confiança de Michel Temer (como já veiculado em matéria da revista Época de 21 de abril de 2016), era o responsável pela logística da propina, seja na coação de empresas, no transporte de propinas ou na pressão e ameaças a testemunhas.
Mais irregularidades

Dentro da fazenda está localizada a antiga estação de trem Esmeralda, que foi desativada, mas, diferente das demais estações no estado de São Paulo, não pode ser acessada nem pelos órgãos responsáveis do patrimônio público. “A faixa de terra da estação é pública e não poderia ser apropriada de forma privada como está sendo. Isso tem nome: para nós é ‘grilagem’!”, adverte Mafort.

As famílias já começaram a erguer seus barracos de lona na fazenda e iniciam o cotidiano da ocupação, com trabalho coletivo, montagem das cozinhas, a ciranda infantil e com a criação da mística do novo acampamento.
 
 

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