MST participa de debate sobre a conjuntura com a Frente Brasil Popular em São Paulo
Da Frente Brasil Popular
A Central de Movimentos Populares (CMP), reuniu ontem, na quadra dos bancários, na capital de São Paulo, três mil militantes de diversos movimentos populares. O evento fez parte do dia nacional de luta, organizado pela CMP todo dia 31 de maio. No evento conduzido pelo tema “A tarefa dos movimentos populares na atual conjuntura”, a quadra dos bancários, que nos últimos anos, tem sido palco de plenárias populares, ficou pequena para tanta gente.
Foi um evento em que a CMP mobilizou os vários segmentos que dela participa, como moradia, saúde, mulheres, juventude, associações de moradores, de muitos municípios do estado de São Paulo.
A análise da conjuntura política e apontamento dos desafios para os movimentos populares no atual estágio da luta da classe trabalhadora e dos movimentos populares, foram os principais eixos dos debates. Fez também parte da atividade a animação cultural, com participação do grupo Mistura Popular, que cantou diversas músicas que retratam as lutas do povo.
O debate foi conduzido pelo coordenador geral da CMP, Raimundo Bonfim e teve as exposições de Tiago Pará, secretario geral da UNE e da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude; Nalu Farias da Marcha Mundial de Mulheres; Laura Capriglione dos Jornalista Livres e João Paulo Rodrigues da direção nacional do MST.
Questões como a influência da cultura machista como influência ao movimento golpista e conservador, que propalam e disseminam a violência contra a mulher, foram os tópicos destacados por Nalu.
“São as mulheres as que mais sofre em momentos de crise econômica, tendo em visto que sempre se ataca ou elimina políticas públicas e programas sociais que atendem a população mais pobre, em especial as mulheres”, salientou a líder feminista.
Também foi destacada no contexto do golpe a resistência da juventude em defesa da democracia e a luta contra o golpe. Tiago Pará alertou para os sinais evidentes do governo golpista, com a criminalização da esquerda e dos movimentos populares de um modo geral.
A importância de priorizar e conjugar as lutas de ruas e a questão da comunicação nas redes sociais (nesse momento ecoou o grito fora Rede Globo), foi trazida por Laura Caproglione, que apontou a necessidade da militância propagar nas redes a nossa narrativa dos fatos e do golpe que tem atacado à democracia e os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Já o militante do MST, João Paulo Rodrigues trouxe à tona no debate a participação das corporações internacionais no processo do impeachment, com interesse em explorar os recursos naturais do Brasil. “Todos já sabemos que este golpe é liderado pela Mídia, pelo Poder Judiciário, Polícia e Ministério Público.”
Com relação os desafios dos movimentos foram destacados, que “só sairemos vitorioso dessa jornada se conseguimos atrair para as mobilizações os trabalhadores, para além da militância dos movimentos; manter e ampliar a unidade dos movimentos populares, fortalecendo e consolidando a Frente Brasil Popular, que tem liderado as grandes manifestações de ruas contra o golpe e em defesa da democracia e dos direitos sociais,” defenderam os integrantes da mesa.
Os palestrantes ressaltaram o importante papel que a CMP tem desempenhado na articulação e mobilizações de ruas, no atual quadro político.
Na avaliação dos expositores bastaram 20 dias de governo provisório, presidido por um golpista, que ao lado de sete de seus ministros e, ele próprio também envolvido na Operação Lava Jato, deixar claro o verdadeiro objetivo do golpe, ou seja; – ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários, precarização das condições de trabalho, desemprego, redução do papel do estado, corte de recursos nas áreas sociais, favorecimento do rentismo e repressão aos movimentos sociais.
Ao final, os dirigentes conclamaram a militância dos movimentos populares a ficarem em estado permanente de mobilização contra o golpe, em especial no dia 10 de junho, quando haverá grandes mobilizações por todo o país.
Raimundo Bonfim, que coordenou o debate, afirmou: “Não tenho duvida que a militância da CMP saiu desse debate muito mais informada e politizada do ponto de vista político, bem como disposta a continuar nas ruas se opondo ao golpe contra a presidenta Dilma e ao ataque aos direitos da classe trabalhadora e aos programas sociais”.
A atividade terminou sob a vibração das palavras de ordem que são entoadas nas ruas, nos atos e nas manifestações: ” Fora Temer. Não ao Golpe!”