Sem Terra inauguram duas escolas no Assentamento Chico Mendes, em Porto Seguro

A nova Escola Municipal Dois de Maio atenderá nas modalidades: alfabetização, infantil, ensino fundamental I e II. Já a Escola Estadual do Campo Chico Mendes trabalhará com a educação no nível médio e técnico.
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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

No último domingo (26), cerca de 350 Sem Terra participaram da inauguração de duas escolas no no Assentamento Chico Mendes, em Porto Seguro, Bahia. 

Sob a luz dos fogos de artifício, ao som do forró e entre os sabores e aromas das comidas típicas do campo, se percebia a alegria e o orgulho estampado nos rostos e olhares atentos e curiosos dos Sem Terra e de comunidades vizinhas para conhecer de perto as escolas.

A nova Escola Municipal Dois de Maio atenderá nas modalidades: alfabetização, infantil, ensino fundamental I e II. Já a Escola Estadual do Campo Chico Mendes trabalhará com a educação no nível médio e técnico. As escolas atenderão mais 230 estudantes, provenientes de 28 pequenas propriedades rurais pertencentes a agricultores familiares, além dos assentamentos Chico Mendes e Fruto da Terra.

Os cursos técnicos de agropecuária e agroecologia, também são conquistas das famílias Sem Terra. No planejamento dos cursos, um dos marcos, será o funcionamento do laboratório de análises de terra, disponível às famílias camponesas. 

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Direito

Para Uelton Pires, da direção estadual do MST, as construções representam o resultado da luta e resistência das famílias do Assentamento Chico Mendes que há mais de 18 anos reivindicam uma educação do campo de qualidade para seus filhos.

“Cabe ressaltar a sensibilidade do atual governo municipal e estadual em escutar, compreender e atender às reivindicações das famílias Sem Terra por uma educação do campo de qualidade”, afirmou Pires.

Realização de um sonho

De acordo a jovem Sem Terra, Joseane Peixoto, a antiga escola possuía um número de salas insuficiente diante da grande demanda. “Buscando resolver a problemática e evitar que os jovens fossem estudar na cidade, várias famílias mudaram para o lote e cederam suas casas na agrovila para funcionarem como salas de aula às turmas excedentes”, explicou.

“Após tantas lutas, ver uma conquista e um sonho se transformando em realidade é motivo de muita alegria”, afirmou Peixoto.

Agroecologia como princípio

De acordo a Antônio Martins, educador da Reforma Agrária, as escolas representam uma conquista fundamental e um marco no fortalecimento da Educação do Campo e da agroecologia.

“A localização das escolas no assentamento fortalecerá várias comunidades de famílias camponesas que produzem de forma diversificada e que estão ameaçadas pela expansão violenta do agronegócio do eucalipto e pecuária na região”, destacou.

Além disso, durante a inauguração, as famílias reafirmaram que a Educação do Campo é uma importante dimensão da construção agroecológica como matriz produtiva e como filosofia de vida para se contrapor ao modelo de produção do capital.