Após um ano acampados, Sem Terra sofrem despejo no Extremo Sul baiano
Por Coletivo de Comunicação do MST no Bahia
Cumprindo a liminar de despejo emitida pelo juiz Leonardo Coelho, do município do Prado, no extremo sul da Bahia, cerca de 280 famílias Sem Terra foram despejadas do Acampamento Egídio Brunetto, localizado na fazenda São Benedito, de 1,5 mil hectares, da empresa J.U. Ungaro Agro Pastoril.
Há mais de um ano, com a ocupação da área, as famílias denunciam as práticas de exploração dos trabalhadores através da negação dos direitos trabalhistas, das monoculturas e do acirramento das desigualdades sociais.
Além disso, a empresa responde a diversos processos judiciais nas instâncias legislativas, desde a acusações de má gestão dos negócios, à administração fraudulenta, por não honrar compromissos com credores diversos.
Um batalhão da Polícia Militar se colocou a postos em frente ao acampamento com o objetivo de intimidar e pressionar a desocupação da área. Frente a isso, o MST na região aponta que o Estado utiliza diversos aparatos burocráticos e judiciais para negligenciar e ferir os direitos da classe trabalhadora, negando-lhes, por exemplo, a construção da Reforma Agrária.
Novas possibilidades
Com a construção do acampamento, as famílias iniciaram a construção de várias “roças coletivas”. Pimentão, tomate, banana, abóbora , melancia, foram alguns alimentos produzidos pelos trabalhadores e trabalhadoras.
A fazenda era uma antiga plantação de café abandonada e em menos de um ano, com a chegada dos Sem Terra, novas possibilidades se tornaram possíveis. E a primeira ação coletiva foi a produção de alimentos para o próprio consumo e sua comercialização nas feiras locais.
Vigília
Seguindo a ordem judicial, os trabalhadores desocuparam a área, montaram um acampamento fora da fazenda e iniciaram uma vigília permanente contra a criminalização das lutas populares, com o objetivo de fortalecer as denúncias contra o modelo de produção de agronegócio e em defesa da Reforma Agrária Popular.