Mais um acampamento sofre despejo no extremo sul da Bahia

Durante a ação, as famílias foram obrigadas a abandonar seus lares, deixando para traz mais de seis hectares de plantações de milho, abóbora, feijão, tomate, melancia e uma variedade de hortaliças

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Na manhã da última quinta-feira (21), cerca de 200 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra do Acampamento Padre José, localizado no município de Itanhém, Extremo Sul, sofreram despejo pela Polícia Militar.

Durante a ação, as famílias foram obrigadas a abandonar seus lares, deixando para traz mais de seis hectares de plantações de milho, abóbora, feijão, tomate, melancia e uma variedade de hortaliças. Além dos seus pertences pessoais.

A direção estadual do MST avalia que, a liminar de despejo não considerou a situação das famílias acampadas e os benefícios para a população do município com a produção de alimentos diversificados fornecidos, semanalmente, nos mercados e feiras locais.

As famílias ocuparam a fazenda há um ano. Na ocasião, a área foi apresentada como improdutiva e com uma série de pendências junto ao poder público. Mesmo assim, o processo de desapropriação está travado e os Sem Terra vem sofrendo uma série de ameaças.

Coronéis do gado

A região de Itanhém se caracteriza por ter uma grande concentração de terra nas mãos de um pequeno grupo de latifúndios, que exercem forte influência no campo político municipal e estadual.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), o município é considerado um dos mais pobres do país. Para o MST, isso aponta claramente a “falsa ilusão” de que o modelo de produção do agronegócio garante desenvolvimento para os trabalhadores e trabalhadoras.

Além desse elemento, Itanhém possui uma serie de notificações de agressões e ameaças aos pequenos produtores. E no Acampamento Padre José não foi diferente.

Os Sem Terra relatam que os latifundiários utilizam diversos métodos para intimidar e marginalizar a luta pela terra na região. Colocando gado nas lavouras das famílias ou enviando tratores para derrubar os “barracos”.

Já no início do mês, durante um encontro, diversos educadores foram ameaçados quando realizavam uma marcha em defesa da educação do campo e contra o golpe a democracia. A ação ocorreu no ato de abertura do encontro de Educadores do Campo.

 

Neste episódio, as pessoas foram ameaçadas com arma de fogo duas vezes, em menos de 30 minutos, por dois homens armados e sem identificação. Posteriormente se constatou que um era tenente e o outro juiz.

Resistência

Dentro deste contexto de opressão, as famílias vêm resistindo as inúmeras investidas contra o processo de organização e a luta pela desapropriação da área.

Um novo acampamento foi montado fora da fazenda e as denúncias permanecem no intuito de dialogar com a sociedade sobre o conservadorismo e os bloqueios institucionais construídos contra as lutas populares.