Conflito em Ariadnópolis recebe audiência no Cejus Social
Da Página do MST
O Centro Judiciário de Soluções de Conflitos e Cidadania para Demandas Territoriais Urbanas e Rurais e de Grande Repercussão Social (Cejus Social), criado recentemente pelo governo do Estado de Minas Gerais, media na tarde desta terça-feira (02) uma audiência entre trabalhadores do MST e os proprietários da Antiga Usina Ariadnopolis.
O objetivo do encontro foi promover um acordo para cessar as constantes ameaças de despejo dos trabalhadores. Ameaças que, somente neste ano, se repetiram por três vezes.
O Desembargador Alberto Diniz Junior, que presidiu a sessão reiterou a vontade da justiça em resolver o conflito.
Ele sinalizou a intenção de agilizar a resolução. “Obrigatoriamente temos que aguardar a decisão do decreto que deve acontecer em no máximo duas sessões, cerca de 60 dias, mas precisamos de um acordo”, garantiu.
O advogado do latifúndio, Giovani Matti, afirmou que “não existe cunho social na ocupação da área em questão”. E complementou: “a suspensão do decreto não é a última batalha. A família vai lutar pela área até o fim”, ressaltou em tom de ameaça.
Já o MST contestou a investida argumentando que a área já possui função social, sendo essencial para estruturação da escola, da sede da cooperativa, posto de saúde e moradia.
“Há 17 anos que os trabalhadores do MST sentem o peso da justiça, que diz que não há acordo, ressalta o advogado Carlos Alberto Torezani. Para ele a liminar de despejo não se justifica. “Não há domicílio, que é a intenção de permanecer por parte dos proprietários, nem posse da sede há anos”, esclarece Torezani.
O arrastar do conflito mostra que não há solução sem intervenção do Estado. A presença do advogado geral de Minas Gerais, Onofre Alves Batista Junior, mostra este entendimento.
“O interesse do Estado é promover a paz social. Se há o decreto, há a vontade de solucionar o conflito, porém com estas liminares acabam acontecendo movimentações desnecessárias. Há um questionamento de decreto do Estado que acaba trazendo mais sofrimento e transtorno para os ocupantes da área e para todos”, adverte Onofre.
A expectativa do Movimento é que a partir dessa decisão os trabalhadores e trabalhadoras de Ariadnopolis possam ter um período de tranquilidade para viver, produzir e seguir com os projetos desenvolvidos na área, chamada agora de Quilombo Campo Grande.
No entanto, apenas a efetivação do decreto de desapropriação poderá solucionar de fato a questão.