Dilma: “A defesa da democracia exige luta diária”

Presidenta participou na noite desta terça-feira (23) de "Ato contra o Golpe" em São Paulo (SP)

 

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“Se entendermos o regime democrático como uma árvore, o golpe militar é um machado. Já os golpes parlamentares atuam como parasitas nessa árvore”. Foto: Mídia Ninja

Por Rafael Tatemoto
Do Brasil de Fato

Às vésperas da votação final do impeachment, a presidenta da República Dilma Rousseff (PT) participou do “Ato Contra o Golpe”, realizado na noite desta terça-feira (23) na Casa de Portugal, na capital paulista.

Durante o evento, ela afirmou que, ao contrário do que parte de sua geração imaginou no fim da Ditadura Militar, a defesa da democracia brasileira ainda não se finalizou. “Exige luta diária”, declarou.

O evento, promovido pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo – articulações nascidas em 2015, cada uma delas reunindo diversas entidades – contou com a presença de representantes de mais de 40 organizações sindicais, estudantis, feministas, de negritude e do campo.
Golpe

A fala de Dilma sobre a exigência de se defender a democracia se deu em um contexto no qual explicava porque o processo contra seu mandato pode ser entendido como golpe. “Se entendermos o regime democrático como uma árvore, o golpe militar é um machado. Já os golpes parlamentares atuam como parasitas nessa árvore”.

A petista ainda lembrou seu histórico de resistência à Ditadura Militar: “Eu lutei toda minha vida. Contra a tortura, contra o câncer, e, agora, continuarei lutando pela democracia”.

Para ela, o que está em jogo neste momento no Brasil é a definição de quais setores sociais pagarão pela crise. “Há um conflito distributivo. Nesse contexto, minha presença é incômoda”.

Dilma ainda comentou sobre as Olimpíadas, cujo processo de preparação começou no governo Lula e continuou no seu. “Lula e eu não fomos mencionados, e vocês sabem por quem. Me perguntam como me senti? É igual quando você prepara uma festa, arruma a casa toda e, no dia, não deixam você entrar na casa”.

Pós-votação

Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), afirmou que, caso o impeachment se confirme, haverá resistência. “Os golpistas dizem que, se Temer for confirmado, haverá estabilidade. Ocorrerá justamente o contrário: instabilidade e tensão social”, prevendo um processo de contestação às medidas anunciadas pelo governo interino.

Outras lideranças apontaram as ameaças de um possível governo Temer. Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirmou que o futuro da juventude está em risco com o processo de impeachment. “Eles querem acabar com o pré-sal, elemento fundamental para o financiamento da educação no país”.

Para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a confirmação da deposição de Dilma indica que um cenário grave há de vir: “Primeiro eles retiram os direitos sociais. Depois, podem atacar também os direitos políticos”.

Edição: Camila Rodrigues da Silva