Governo alagoano frustra movimentos e remarca audiência para esta terça-feira
Da Página do MST
Após a realização de marchas e ocupações em Maceió e na região do Semiárido, os movimentos sociais que se organizam na Jornada de Lutas Unitária na tarde desta segunda-feira (05) chegaram ao Palácio República dos Palmares com a expectativa de ser recebido pelo Governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho (PMDB).
Estiveram presentes na reunião, representantes do Gabinete Civil, Secretaria de Agricultura (Seagri), Secretaria de Transporte e Desenvolvimento Urbano, Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Educação (SEE), Instituto de Terras de Alagoas (Iteral) e Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente. O governador, contudo, apesar do prévio agendamento, não compareceu.
“Estamos nos sentindo enganados, as respostas dadas pelo Governo batem e voltam. Nunca vi tratar tanto dos mesmos assuntos e nunca encaminhar nada resolutivo”, alega Carlos Lima, da coordenação da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Segundo o mesmo, os movimentos têm tido muita dificuldade de interlocução com este governo.
Para Rilda Alves, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e membro da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Alagoas (Fetag-AL), “as decisões políticas são precedentes aos encaminhamentos técnicos do secretariado. Fica cansativo fazermos reunião de trabalho aqui com os secretários, mas a deliberação política só ocorrer com o governador depois. O povo que ficou lá fora quer avanços concretos”, dispara.
Com a provocação e pressão dos militantes, o Secretário Chefe do Gabinete Civil anunciou que o governador estará em audiência com os movimentos nesta terça-feira, às 16h30. Para não desperdiçar os esforços até ali, os presentes decidiram apresentar ponto por ponto a pauta ao secretariado, quando foi possível ouvirem da viabilidade técnica da maioria dos pontos, abrindo a chance de o governador deliberar positivamente em favor das demandas.
Dos secretários presentes, os militantes ouviram que existem recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que obriga a compra de, no mínimo, 30% dos alimentos para merenda escolar da agricultura familiar e que precisa ser desenvolvido o método para efetivar esta compra. Ouviram também da possibilidade de o Governo desenvolver em conjunto com os trabalhadores uma nova política de sementes, que substitua a atual compra e distribuição pelo fortalecimento dos bancos de sementes e cultivo de sementes crioulas pelos próprios agricultores.
Foi anunciado também que daqui a vinte dias “teremos os contratos” para recuperação de 250 km de estradas em área rural, segundo o próprio secretário Mozart Amaral. A lista de prioridades dos assentados será entregue pelas lideranças para ordenar os serviços. Também na pauta da educação, foi identificada a possibilidade de construir escolas de ensino médio em áreas rurais, bem como a retomada das escolas itinerantes no estado.
Mobilizações
Para continuar a pressionar o governo e outros órgãos, os movimentos que realizam Jornada de Lutas Unitária dos trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas realizam uma nova marcha, manhã desta terça-feira, com paradas em pontos estratégicos. Entre eles está o Tribunal de Justiça (TJ-AL), onde cobrará celeridade na condenação e prisão dos mandantes de assassinatos de lideranças Sem Terra, como o caso de Jaelson Melquíades, morto em 2005 em Atalaia.
Ainda nesta terça, a coluna com cinco mil homens e mulheres trabalhadores rurais se desloca até o Incra, onde protocolaram pauta, para fazer a primeira negociação com o novo presidente, indicado pelo Governo Federal. Na pauta, demandas dos assentados e aquisição de terras para criação de novos assentamentos.
Nesta segunda-feira (05), além das marchas realizadas pelos trabalhadores nas ruas de Maceió, os manifestantes ocuparam o Tribunal de Contas da União (TCU), onde reivindicam o desentrave da política agrária e seus recursos.
Na região do Semiárido, entre Senador Rui Palmeira e São José da Tapera, também nesta segunda, mais 02 mil manifestantes Sem Terra paralisaram as obras do Canal do Sertão, questionando com a palavra de ordem “Água para quem?” a destinação do abastecimento de água, que apenas tem privilegiado grandes projetos e deixa em situação calamitosa famílias que vivem à beira do próprio canal.
As mobilizações continuam ainda nesta quarta-feira (07), quando em conjunto com os movimentos urbanos, será realizado mais uma edição do Grito dos Excluídos, desta vez com o grito de “Fora Temer! E nenhum direito a menos!”.
Participam das mobilizações além do MST, CPT, CUT e Fetag-AL, o Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Unidos pela Terra (MUPT), Via do Trabalho e Terra Livre.
* Editado por Iris Pacheco