Organizações do campo afirmam continuidade das mobilizações após acampamento unitário

A Jornada mobilizou 30 mil pessoas em 14 estados mais o Distrito Federal, com ocupações de terras, prédios públicos e marchas realizadas por uma ampla unidade dos movimentos do campo

 

Brasília Foto Bruno Pilon.jpg
Jornada mobilizou 30 mil pessoas em 14 estados mais o Distrito Federal.

Da Página do MST

Com a participação no 22° Grito dos Excluídos, a Jornada Unitária dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas encerra as atividades do acampamento unitário, realizado entre os dias 5 a 7 de setembro em Brasília. Ao todo, a Jornada mobilizou 30 mil pessoas em 14 estados mais o Distrito Federal, com ocupações de terras, prédios públicos e marchas realizadas por uma ampla unidade dos movimentos populares camponeses.

“A conjuntura de ameaça aos direitos dos povos do campo, das águas e das florestas nos exige a construção da unidade. Todas as conquistas que obtivermos no próximo período será mérito da nossa unidade. A ordem é seguirmos mobilizados até que a democracia seja restaurada e os nossos direitos garantidos”, afirma Alexandre Conceição, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

De acordo com Alessandra Lunas, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), a jornada de lutas foi o início das lutas que ainda estão por vir. “Inauguramos este acampamento, mostrando ao governo golpista a nossa unidade e nossa capacidade de luta permanente, o recado já está dado agora ele sabe o que vai enfrentar”, concluí.

Brasília Foto Bruno Pilon (2).jpg
Camponeses marcham em Brasília rumo ao Ministério das cidades.
Foto: Bruno Pilon

Para Anderson Amaro, da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, a jornada reforçou a unidade no campo, “a jornada foi fundamental para dar o tom ao governo do que eles irão enfrentar. A unidade é fundamental para fazer frente a onde de perdas de direitos que estamos sofrendo. Só uma sólida articulação barrará isso” enfatiza Amaro.

A questão agrária é a pauta principal dos movimentos sociais que atuam em unidade. Entre as reivindicações, está o assentamento imediato das mais de 120 mil famílias acampadas em todo o país, a revogação da lei que permite a venda indiscriminada de terras para estrangeiros, a defesa da produção de alimentos saudáveis e de políticas de transição para a agroecologia.

 

“O governo não demonstra intenção de fortalecimento da agricultura familiar e camponesa, como também da reforma agrária. Isso remete à necessidade para os próximos dias de continuarmos mobilizados, firmes, e imbuídos de muita garra e determinação, para que consigamos, efetivamente, fazer com que nossas reivindicações sejam atendidas”, avalia Marcos Rochinski, coordenador geral da Fetraf Brasil.

Outro ponto trata do desenvolvimento e infraestrutura no campo, como o fortalecimento de programas estruturantes, assistência técnica e demais programas que garantem a produção da agricultura familiar e camponesa.

As organizações ainda denunciam a ameaça aos direitos previdenciários e trabalhistas, a criminalização dos movimentos populares e, principalmente, o golpe à democracia após a violação da Constituição brasileira pelo Congresso Nacional e pela elite econômica e política do país que levou Michel Temer à Presidência da República.

Vejam o panorama das ações em todo o Brasil
 

INFOGRAFICO_FINALFINAL-01.png

Mobilização permanente

Após o acampamento unitário em Brasília, muitos estados seguem mobilizados em todo país. Segundo Kelli Mafort, da direção nacional do MST, a pauta central das reivindicações continua sendo o assentamento das 120 mil famílias acampadas em todo o país.

Mafort também frisa outra pauta de luta que é o acesso à infraestrutura nos assentamentos já existentes.

“Nossas famílias estão abandonadas, sem infraestrutura. O Plano Plurianual (PPA) está completamente parado. Há ainda, a ação civil pública que quer deslegitimar a luta das famílias acampadas. Além disso, o governo golpista de Michel Temer impõe a agenda de retirada de direitos dos povos do campo. Quando saímos às ruas, debaixo de bombas de gás e repressão policial, estamos lutando por nossos direitos e resistindo contra essa ditadura imposta por esse governo golpista”, afirma Kelli.

Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas, São Paulo e Minas Gerais seguem em ocupações no Incra. Já no Ceará, trabalhadores ocuparam na manhã dessa quinta-feira (8) a Prefeitura de Limoeiro do Norte, em Pernambuco também foram realizados trancamento de rodovias no estado.