MST leva solidariedade aos estudantes que ocupam prédio da PUC-RS
Por Catiana Medeiros
Da Página do MST
Na última terça-feira (15), uma roda de conversa sobre lutas sociais e populares reuniu, em Porto Alegre, trabalhadores rurais Sem Terra e acadêmicos que ocupam a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) contra a PEC 55 (antiga PEC 241), que tramita no Senado Federal.
Na ocasião, os estudantes assistiram ao vídeo “30 anos de Marcos”, que trata da ocupação da antiga Fazenda Annoni, na região Norte do estado, e das conquistas que o desmanche do latifúndio, de 9,3 mil hectares, trouxe às famílias que não tinham onde morar e produzir seus alimentos. A ocupação, ainda hoje, é símbolo de resistência e marcou o início da luta do MST pela democratização da terra no país.
“A realidade da Annoni é a mesma de muitos outros assentamentos em todo o Brasil, onde as famílias se mantêm organizadas para produzir seus alimentos e continuar lutando por uma vida mais justa e novas conquistas coletivas. O nosso intuito, enquanto MST, é lutar pela terra, mas também pela transformação social”, disse Danieli Cazarotto, do Coletivo de Juventude do MST.
Danieli ainda acrescentou que as mobilizações do Movimento se darão em todos os governos, independente de sigla partidária, caso não ocorram avanços na construção do projeto da Reforma Agrária Popular.
“O MST é autônomo, organizado e tem uma linha política. Nós estaremos sempre nas ruas para dizer se os governantes estão fazendo coisas certas ou erradas. E quando ocorre esse movimento de ocupação e resistência, nas escolas e universidades, nós lembramos muito da nossa organização”, complementou Danieli.
Já o acampado Carlos Musselini falou da importância de levar à sociedade o debate sobre a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento da agricultura brasileira. Segundo ele, a forma de produção convencional obriga os agricultores a comprarem sementes transgênicas e a utilizarem cada vez mais venenos.
“Precisamos produzir alimentação saudável, que possa sustentar famílias do campo e da cidade. A Reforma Agrária Popular diz que temos que construir espaços de comercialização e relação direta entre o consumidor e o produtor, além de sermos solidários com as outras categorias da classe trabalhadora que estão em luta”, argumentou.
Apoio aos acadêmicos
Segundo Gabriele Lima, da coordenação do acampamento na PUC, a ocupação ocorreu dia 9 deste mês contra o congelamento de investimentos públicos, por 20 anos, em áreas como Saúde e Educação. A maioria dos alunos que está no local cursa Comunicação Social e Letras. Eles recebem apoio de acadêmicos dos cursos de Direito, Psicologia, Serviço Social, entre outros.
“O objetivo principal é nos somarmos aos outros movimentos que estão acontecendo nacionalmente contra a PEC. Ao contrário do que muitas pessoas acham, nós também seremos afetados diretamente com os cortes de bolsas de Iniciação Científica, ProUni e FIES dentro da universidade privada”, explicou a estudante.
A ocupação conta com momentos de formação sobre diversos assuntos e atividades culturais, que são executados pelos próprios alunos ou apoiadores da mobilização. Ao final da roda de conversa no dia de ontem, o MST reforçou o seu espírito solidário para que a luta pela Educação tenha continuidade. “Muita força e resistência para todos vocês”, finalizou a filha de assentados Jordana Camargo.