Assentados constroem primeira agroindústria legalizada em Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
O assentamento Rincão do Ivaí, um dos primeiros do MST no Rio Grande do Sul, inaugurou na última terça-feira (13), a primeira agroindústria legalizada do município de Salto do Jacuí, no Noroeste do estado.
A agroindústria &”39;Semeando Sabores&”39;, localizada em um lote de cerca de 10 hectares fica há 52 quilômetros do centro da cidade, é administrada pela assentada Jane da Silva, 33 anos, que começou com o empreendimento há três anos, quando fazia panifícios na varanda de sua casa para vender.
“É um sonho que realizamos a partir da superação de dificuldades. Tudo o que temos hoje é fruto de muito suor e esforço coletivo”, diz.
Desde 2010 a assentada participa de várias capacitações, entre elas, o curso de Boas Práticas de Fabricação, no Centro de Treinamento da Emater/RS-Ascar, no município de Bom Progresso. A estatal propiciou assistência técnica e ajudou em todas as etapas de legalização da agroindústria.
A produção de cucas, bolachas, mini pizzas e mini panetones é feita com o apoio de quatro familiares de Jane, a maioria da matéria-prima é oriunda do próprio assentamento, onde vivem cerca de 80 famílias.
Os alimentos levam em suas embalagens o selo Sabor Gaúcho, marca que identifica os produtos com origem na agricultura familiar. Eles são comercializados a domicílio, na Feira do Produtor e entregue às escolas municipais através do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), mas também podem ser vendidos em todo o território do estado.
A construção do empreendimento – de oito por seis metros quadrados -, começou em 2014 e foi realizada pela própria família da assentada, com financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf Agroindústria), do extinto Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA); e do Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Feaper), coordenado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR). O valor investido é R$ 45 mil.
Jane, que também trabalha com leite, peixes, mel, feijão, verduras e legumes orgânicos, diz que os próximos passos da família é ampliar a produção e melhorar o espaço físico da agroindústria.
“Nossa ideia é oferecer mais diversidade de alimentos e concluir as obras externas. Já temos liberação para fazer geleias, compotas, rapaduras e conservas. Também vamos construir calçada, finalizar o reboco e a pintura da Semeando Sabores para atender todas as exigências da vigilância sanitária”, explica.
Jane acrescenta que, futuramente, também quer vender os alimentos em mercados da cidade e garantir a permanência de seus dois filhos no campo através da construção de uma agroindústria de empacotamento de leite. “Queremos que eles nos ajudem a tocar os empreendimentos, porque isso vai ajudar na geração de trabalho e renda para muitas pessoas que aqui vivem”, finaliza.
*Editado por Maura Silva