Sem Terra participam de mutirão oftalmológico na Bahia

213 óculos foram distribuídos pela “Caravana da Brigada de Alfabetização Carolina de Jesus”, para 310 estudantes

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Entre os dias 21 e 22, as brigadas Elias Gonçalves de Meura e Ernesto Che Guevara, localizadas no extremo sul da Bahia, receberam a “Caravana da Brigada de Alfabetização Carolina de Jesus”, que está desenvolvendo atividades de formação através do método cubano de erradicação do analfabetismo “Sim, eu posso”.

Na ocasião, a Caravana realizou a entrega de 213 óculos de grau aos estudantes do projeto, que pretende alfabetizar trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra em poucos meses.

A brigada de alfabetização já passou em 11 áreas que compõe o projeto de assentamentos agroecológicos Fidel Castro, entregando 213 óculos e 30 televisores que vão contribuir no processo de aprendizagem.

De acordo com Eleneuda Lopes, coordenadora do eixo social do projeto Assentamentos Agroecológicos, a entrega dos óculos foi “mágico”, tendo em vista que representam mais uma conquista adquirida pela classe trabalhadora.

“Nós falamos da agroecologia. Mas, pensar em agroecologia e não pensar em erradicação do analfabetismo vai de contra os nossos princípios, pois a agroecologia é um estilo de vida”, explicou.

Para Jose D’Ajuda Francisco, do Assentamento Plínio de Arruda e estudando, o projeto traz aos assentados o direito de ler e escrever. “Sinto vergonha todas às vezes que tenho que assinar um documento, hoje com esse projeto tenho a esperança de aprender fazer meu nome”.

“Não tenho mais vergonha de assinar, pois estou aprendendo a escrever o meu nome. Os óculos são mais um instrumento para nossa aprendizagem”, reforçou Francisco.

Por outro lado, Paulo César, da direção estadual do MST, acredita que ser Sem Terra não é simplesmente lutar por terra, a luta vai além,- além da crise política, além do golpe e além dos retrocessos-. “Hoje nós estamos destruindo o latifúndio do saber e temos a chance de nos libertar das correntes do capital”.

“Os televisores e óculos se tornaram símbolos de nossa resistência e luta”, afirmou César.

Método cubano

Inspirado no amplo processo de erradicação do analfabetismo em Cuba, que passou por um período de revolução, “e revolução sem educação é impossível”, disse Lucilene Nunes, também da direção do MST, os jovens cubanos saíram com a missão de alfabetizar a população em 1961.

Esse método foi eficaz e emprestado para mais de 11 países. Atualmente, em nosso continente, já são mais de 600 mil pessoas alfabetizadas e o MST foi agraciado com esse método afim de erradicar o analfabetismo em suas áreas, misturando a teoria política do pedagogo Paulo Freire com o acúmulo revolucionário cubano.

Luciene salientou ainda que o trabalhador rural ao ter a oportunidade de estudar, aprender a ler e escrever, traz para o povo a esperança de construir dias melhores.