MST lança campanha em preparação aos 30 anos de luta na BA
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Completar 30 anos é poder compartilhar emoções. Foram muitas lutas, conquistas e lembranças de grandes desafios. Estes foram os sentimentos que nortearam o lançamento da campanha em comemoração aos 30 anos do MST na Bahia, que aconteceu na noite desta última sexta-feira (13), no Parque de Exposições Agropecuárias de Salvador, durante o 29º Encontro Estadual.
Com poesia, gritos de ordem e várias reflexões sobre a luta pela terra na Bahia, foi anunciado que as festas oficiais acontecerão no dia 7 de setembro, no assentamento 40/45,- mesma data e local da primeira ocupação no estado.
Para a militância presente no lançamento, a campanha submete os trabalhadores e trabalhadoras ao compromisso de referenciar a organização em todos os espaços. “Afinal, completar 30 anos é viver”.
Como tudo começou
“Terra para quem nela trabalha” foi um dos gritos de ordem utilizados por centenas de famílias camponesas que se juntaram para lutar em defesa da terra, ocupando a fazenda 40/45, no município de Alcobaça, em 1987. Foi neste episódio que o MST na Bahia deu o primeiro passo para avançar seu território.
Um elemento colocado no bojo histórico, que legitimou o processo de diálogo com a sociedade, ainda no início da organização no estado, foi a constituinte de 1988 que “determina” a desapropriação da terra quando esta não cumprir sua função social.
Para Elizabeth Rocha, da direção nacional do MST, um outro momento marcante foi a participação do estado no 2º Congresso Nacional do MST, por ter sido o primeiro espaço de articulação. Com o passar dos anos, a Bahia se destacou nacionalmente por ter avançado na conquista de novos territórios e no trabalho de base, formando militantes e ocupando os latifúndios improdutivos.
“Nossas lutas sempre foram carregadas de simbologia e quando olhamos para o que construímos até aqui, temos a certeza que muito mais precisa feito por cada trabalhador e trabalhadora”, explicou Rocha.
Território
Após 30 anos de luta e resistência, o MST na Bahia se torna uma “potência” nacional na luta de classe. Se organizando em 10 regiões: Extremo Sul, Sul, Sudoeste, Baixo Sul, Chapa Diamantina, Recôncavo, Norte, Oeste, Nordeste e São Francisco.
Para alcançar estes espaços, várias lutas foram travadas contra a burguesia e o latifundiário. Nesse sentido, a conquista da terra, da soberania popular, Reforma Agrária e em defesa de um país igualitário, cada território ocupado simbolizava uma conquista da classe trabalhadora como um todo.
A luta das mulheres e novos desafios
Em 2011, com o início das ocupações de terra protagonizadas pelas mulheres, pioneiramente no Extremo Sul, a partir da simbologia do 08 de março, o Movimento iniciou o debate da agroecologia se contrapondo ao modelo de produção do capital.
Nesta perspectiva, 2017 está sendo apontado como um período difícil na luta pela reforma Agrária Popular, exigindo muitos enfrentamentos e unidade entre a classe trabalhadora brasileira.
De acordo com Evanildo Costa, da direção nacional do MST, “aprendemos com a história, rememorar as lições e reconstruir os passos para seguir em frente como parte de nossas tarefas”.
“Acreditamos que com compromisso, coragem, rebeldia e inspirados no legado de nossa militância ergueremos nossas bandeiras, ocupando mais latifúndios nos municípios da Bahia e completaremos muitos mais anos de organização e luta”, concluiu.