Edegar Pretto recebe posse popular ao ser eleito presidente da AL/RS
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Um dia memorável para trabalhadores do campo e da cidade que lutam por um parlamento mais democrático e a serviço do povo.
Assim pode ser resumida a última terça-feira (31), quando o deputado estadual Edegar Pretto (PT) recebeu posse popular para assumir a presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
O ato aconteceu na Praça da Matriz, no Centro de Porto Alegre, com o objetivo de reforçar os compromissos do parlamentar com as bandeiras de luta da população urbana e camponesa.
Minutos após o fim da sessão solene de eleição e posse da mesa diretora para este ano, Edegar foi recepcionado em clima de festa na Praça da Matriz, por cerca de 2 mil pessoas oriundas de todas as regiões do estado.
O palco da posse popular foi a base de um obelisco situado ao centro da Praça, que é marcada ao longo dos anos por inúmeras manifestações.
O local foi ornamentado com tecido chita, bandeiras, flores, balaios, peneiras e alimentos saudáveis dos assentamentos da Reforma Agrária, para enaltecer a origem de Pretto e simbolizar sua luta ao lado dos camponeses.
Lá, o deputado colocou um chapéu de palha e cantou O Colono, de Teixeirinha. Ao final da música gritou: “Viva os agricultores!”.
O MST é um dos movimentos que ajudou a organizar o ato, que foi conduzido por Eliane de Moura, dirigente do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD).
Um dos momentos mais marcantes foi quando o ex-governador Olívio Dutra retirou os sapatos dos pés de Edegar e os calçou com um par de sandálias.
Antes, o deputado foi convidado a retirar o paletó e a gravata, e a arregaçar as mangas da camisa em que vestia.
“Que os teus pés, como os nossos pés, fiquem ao longo deste ano empoeirados pela longa jornada do trabalho e pela luta em busca de dias melhores para nós, nossos filhos, para os companheiros e companheiras que nem conhecemos e para as próximas gerações”, declarou Eliane.
Para o ato também estavam previstas seis falas de representantes do campo e da cidade, mulheres, ambientalistas, movimentos sindicais e culturais.
Porém, uma forte chuva impossibilitou a continuidade da programação, a qual, através de rito simbólico com pão, caneta, flores e a enxada que era do seu falecido pai, o ex-deputado Adão Pretto, marcava a entrada de Edegar na gestão da Presidência.
“Assumo o compromisso de construir mecanismos para mais participação popular, para que o parlamento esteja cada vez mais próximo das pessoas. Faremos grandes debates e vocês terão neste presidente uma porta aberta para bem acolher a todos, afinal, esta é a casa do povo”, disse Pretto no encerramento do ato.
Para o dirigente estadual do MST, Cedenir de Oliveira, a posse de Edegar na Presidência da Assembleia Legislativa representa uma vitória para a classe trabalhadora, especialmente pela conjuntura conturbada em que vive o país.
“É grande o processo para barrarmos as retiradas de direitos que estão sendo vindo por aí. Sabemos que isto se dará nas ruas, nos enfrentamentos da luta de massas, mas também é importante termos representação política nas instituições”, explicou Oliveira.
Comprometimento com o povo
Edegar nasceu em Miraguaí, um município com 4.855 habitantes, situado na região Celeiro do RS e a 450 km da Capital.
Aos seus 46 anos de idade e 30 anos depois de o seu pai Adão, falecido em 2009, se torna o primeiro agricultor eleito deputado estadual. Assume, com indicação da bancada petista, a presidência da Assembleia com o comprometimento de aproximar o legislativo do povo gaúcho, especialmente, por meio de grandes debates.
“Neste momento de crise, assumo o compromisso com algumas causas que devem fazer parte dos grandes debates desta casa, entre as quais destaco: a democracia e a participação popular, o papel do Estado, a equidade de gênero, a agricultura e soberania alimentar”, afirmou o parlamentar em seu discurso na posse oficial.
Ele acrescentou que, num contexto de questionamento à própria democracia e de enfraquecimento das instituições representativas, é necessário que os empresários, os movimentos populares e os poderes reflitam sobre o papel das instituições do Estado Democrático e de Direito.
“Em um cenário de crise política, com graves consequências para o processo democrático e para as finanças públicas, é fundamental aprofundar o papel do Estado na construção de políticas públicas para o desenvolvimento. Há visões distintas em debate. Uma entende o poder público como indutor do desenvolvimento e um instrumento de enfrentamento à crise e de redução das desigualdades sociais e regionais.
A outra entende desenvolvimento, principalmente, como crescimento econômico, e vê o mercado como centro. Para esta visão, o caminho natural a fim de enfrentar a crise é cortar políticas públicas e direitos, reduzindo as funções públicas de Estado. Este Parlamento não pode desconhecer este debate que se trava em nível mundial. Precisamos dialogar com a sociedade e construir os consensos possíveis que a democracia exige”, acrescentou.
Em relação à equidade de gênero, Pretto lembrou que recém no ano passado, depois de 180 anos, a Assembleia gaúcha teve uma mulher à frente da presidência. Segundo o deputado, a busca pela afirmação da democracia e de uma sociedade mais igualitária também requer o enfrentamento deste tema na casa.
“Em pleno século XXI, temos mulheres sendo tratadas como objeto, violentadas e mortas. A maioria delas dentro de suas casas, vítimas do machismo. Também não é aceitável que uma mulher trabalhe na mesma atividade que um homem e receba menos pelo fato de ser mulher. O parlamento precisa ir além, não pode conviver e ficar passivo diante de qualquer tipo de discriminação”, apontou.
Edegar ressaltou ainda a importância de um debate profundo sobre questões que envolvem a agricultura familiar e a soberania alimentar, as quais considera fundamentais para o desenvolvimento do estado.
“Este parlamento está desafiado a contribuir na construção de um modelo que viabilize a permanência das famílias no campo, com renda e dignidade, preserve o meio ambiente e produza alimentos saudáveis para os consumidores”, frisou.
Chapa única teve um voto contra
Dos 46 parlamentares que registraram presença na sessão solene, apenas Marcel Van Hattem (PP) se posicionou contrário à chapa única, que é fruto de acordo firmado no início dos trabalhos da atual legislatura de fazer gestão compartilhada para o comando do Legislativo.
“Este entendimento da gestão compartilhada respeita a vontade popular, fortalece as expressões de proporcionalidade partidária, engrandece o parlamento gaúcho e deve servir de exemplo a todos os parlamentares”, argumentou Pretto.
Vejas mais fotos da posse do deputado Edegar Pretto na presidência da Assembleia Legislativa. (clique aqui)
*Editado por Rafael Soriano