Contag elege nova diretoria em Congresso Nacional
Por Lizely Borges
Da Página do MST
Com lema “Levantar as bandeiras de luta e fortalecer a organização sindical da agricultura familiar”, a atividade contou com momentos formativos e deliberativos, com a eleição da nova diretoria da Contag para o período de 2017 a 2021.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio (PNAD/IBGE 2009), o Brasil possui cerca de 15,7 milhões de homens e mulheres residentes em pequenas áreas rurais, acampamentos, quilombos, áreas de extração e de pesca artesanal. Segundo a Contag, a ação para o próximo período visa fortalecer a representação destas populações nos sindicatos. “Vamos trabalhar fortemente a unidade do nosso movimento e incentivar que as nossas Federações e Sindicatos mantenham relação com alguma central sindical, de preferência progressista, para unificar a luta”, destaca o novo presidente da Contag, Aristides Santos.
Composta por 12 membros das cinco regiões do país, a nova direção executiva da Confederação atendeu, pela primeira vez, a critérios de paridade de gênero. A igual distribuição de vagas para homens e mulheres nos cargos de direção foi celebrado pelos participantes e organizações parceiras da Contag.
“Nós estamos orgulhosos juntos com vocês neste congresso tão bonito e dando uma demonstração de que o campo vai se modificando e nossas organização vão crescendo. E a composição da direção da Contag, com 50% de mulheres, é demonstração de que o campo é produtor, mas também revolucionário para garantir a participação efetiva das companheiros e companheiros”, aponta o membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Alexandre Conceição, em mesa de abertura do evento. Pela primeira vez nos 53 anos de atuação, a Contag adota o critério de paridade na direção executiva.
A participação da juventude também é meta da organização, com o cumprimento da cota de, no mínimo, 20% de jovens nas Diretorias das Federações e Sindicatos. A nova direção da Contag tomará posse em abril.
Organização das forças campesinas
Para fazer frente aos retrocessos nas políticas públicas para o campo pela ação da gestão de Michel Temer (PMDB), como a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o esvaziamento das políticas de crédito rural, por exemplo, e preparar os trabalhadores rurais para ação organizada às medidas em cursos, como as reformas previdência e trabalhista, o Congresso também realizou atividades formativas para temas como Reforma Agrária, acesso à terra e bens comuns, soberania e segurança alimentar e nutricional, desenvolvimento sustentável da agricultura familiar, entre outros.
Para a secretaria de mulheres da Contag, Alessandra da Costa Lunas, além da efetivação da paridade de gênero na participação do evento e na direção executiva da organização, o Congresso foi importante para reafirmar as ações no próximo período, em diálogo com outras organizações do campo popular. “O Congresso foi também importante para termos definido as trincheiras de luta para o próximo período e contribuir nesta luta com outras organizações. E o campo unitário é fundamental para fazermos este enfrentamento”, reflete.
A avaliação do saldo do Congresso é compartilhada pela liderança do MST. “Esse Congresso é demonstração desta força, de que nós podemos derrotar a reformas do golpe e construir a verdadeira e grande reforma que este país precisa: a reforma tributária para que ricos paguem mais e os pobres possam continuar a produzir, a reforma política para que o povo tenha voz e vez nas políticas e a reforma agrária justa e soberana para que possamos manter nosso território nacional. A Contag vem com essa força e não está só nesta força do campo, assim como o MST e a Via Campesina. Estamos construindo o campo unitário, grande força do campo, para derrotar a política neoliberal”, destacou Alexandre.
Conectados à agenda nacional de luta, os participantes do Congresso se somaram aos manifestantes concentrados no Ministério da Fazenda, no dia 17 de março, em ato contra a reforma da Previdência. Nesta data, movimentos populares e organizações sociais do campo e cidade integrantes das Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo ocuparam a sede do Ministério, em Brasília, como forma de pressionar o governo federal de impedir o avanço da tramitação da proposta de reforma da previdência.
Caso aprovada, a nova medida deve afetar mais duramente a população do campo ao excluir da população campesina a condição de segurado especial. A proposta de reforma em tramitação também desconsidera as desigualdades na divisão de trabalho entre homens e mulheres e iguala idades mímica de aposentadoria para homens e mulheres.