Assentado comercializa carpas vivas e saudáveis no centro de Canoas, no RS

Seu Darcy Zatti vende sua produção de peixes há mais de 20 anos na Praça da Bandeira, no Centro da cidade.
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Na Feira do Peixe, as carpas de seu Zatti pesam entre quatro a seis quilos.

 

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

O caminho para a Feira do Peixe de Canoas, na região Metropolitana de Porto Alegre, seu Darcy Zatti, 61 anos de idade, já conhece bem, afinal são mais de duas décadas de relação direta com o consumidor por meio da comercialização do alimento no bairro Centro da cidade do Rio Grande do Sul. O assentado expõe sua produção durante a Semana Santa, uma tradicional celebração da Igreja Católica em referência à paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Através da Associação de Piscicultores de Nova Santa Rita, Zatti mantém até o meio dia de amanhã (14) uma piscina de carpas vivas na banca 1 da Feira do Peixe da Praça da Bandeira, situada ao lado da estação de trem. O local é considerado estratégico para a venda, uma vez que há grande circulação de pessoas, até mesmo de outros municípios, que utilizam o transporte público e aproveitam para adquirir peixes para consumir durante a semana. “As pessoas vêm, já vendi peixe até de madrugada, principalmente de quinta para sexta-feira. A maior parte do público é quem utiliza trem, mora ou trabalha aqui perto da praça”, explica o assentado.

Zatti estima comercializar este ano aproximadamente duas toneladas de peixe vivo, que são produzidos por sua família em quatro açudes no Assentamento Itapui, no município de Nova Santa Rita, também na região Metropolitana da Capital. O assentado conta que cada peixe tem entre 4 e 6 quilos. “Mesmo que demore cerca de dois anos para dar retorno, a carpa é um bom negócio. Isto porque o trato é feito com pastagens que temos no assentamento, então o custo se torna menor, e é uma renda a mais que entra no orçamento da família”, argumenta.

Toda a produção do lote de Zatti é livre de venenos, uma realidade que também é compartilhada por 90% das famílias que moram no Assentamento Itapui. Além de peixes, o assentado investe em cana-de-açúcar para fazer caldo de cana e maracujá para suco, alimentos que são comercializados anualmente na Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer), em Esteio, a 16 quilômetros da cidade de Nova Santa Rita. Contudo, a produção de Zatti não se limita a esses itens: ele prioriza a diversidade de alimentos para a subsistência da família. “Planto de tudo, desde feijão até frutas e verduras”, complementa.

Quem quiser comprar peixe vivo de seu Zatti pode ir à Praça da Bandeira, em Canoas, até o meio dia desta sexta-feira – hoje a comercialização acontece até as 21 horas. Ainda no município, um outro agricultor ligado à associação está com ponto de venda na Feira do Peixe da Praça Dona Mocinha, no bairro Niterói. Em Nova Santa Rita também é possível adquirir o alimento numa banca montada na área central da cidade.
 

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Os peixes de seu Zatti são alimentados somente com pastos

 

Consumir peixes é sinônimo de saúde

A Associação de Piscicultores de Nova Santa Rita, da qual Zatti faz parte, foi fundada em 1996 por 40 associados. Hoje, a iniciativa conta com dez sócios, entre assentados na Reforma Agrária e pequenos agricultores, que atuam anualmente em Feiras do Peixe nos municípios de Nova Santa Rita e Canoas.

Os associados produzem, em 22 açudes, vários tipos de carpas. Seu Zatti trabalha com quatro: capim, húngara, prateada e cabeça grande. Toda a alimentação dos peixes é de pastos cultivados sem o uso de venenos, tais como capim-elefante e folhas de milho. Conforme o assentado, o diferencial de não utilizar ração na produção está na aparência e no gosto do alimento. “O nosso peixe na verdade é orgânico. Não contém tanta gordura e muito menos aquele gosto de ração”, garante.

Na Praça da Bandeira, a informação de que os clientes, ao optarem por seus peixes vivos, estão levando para casa um alimento mais sadio também é uma das preocupações de seu Zatti. “Quando explico como as carpas são tratadas as pessoas gostam bastante, porque por mais que o consumo da maioria ainda seja sazonal muitas estão mudando os seus hábitos alimentares, inserindo mais peixe e outros alimentos saudáveis nas refeições”, declara.

E seu Zatti está certo. De acordo com o Ministério da Agricultura, os brasileiros passaram a consumir mais peixe desde 2009, quando se consumia 9 quilos da carne ao ano por pessoa. Hoje, o consumo chega a 14 quilos – dois a mais que o recomendado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) e seis quilos a menos que a média mundial.

Segundo a nutricionista Cristina Araújo, o ideal é inserir peixe, pelo menos, duas vezes por semana nas refeições. “O peixe é um ótimo aliado da saúde, porque tem uma carne mais leve, muito nutritiva e rica em ômega 3, que faz bem ao coração”, aponta.
 

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Peixes vivos atraem público consumidor até a banca 1.