Na Bahia, comunicadores apontam os desafios para construção da democratização da comunicação

Com o objetivo de fortalecer o debate em torno da comunicação popular, os participantes, de oito regiões, aprenderam técnicas no campo da produção textual, fotográfica, artes gráficas e da linguagem radiofônica.

 

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Representantes de várias regiões do estado estiveram presente no curso de comunicação popular.

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Entre os dias 10 e 15 de abril, o coletivo de comunicação do MST no estado da Bahia realizou a 1º turma do Curso de Comunicação Popular Rádio Rebelde, no Assentamento Terra Vista, em Arataca, região Sul.

Com o objetivo de fortalecer o debate em torno da comunicação popular, os participantes, de oito regiões, aprenderam técnicas no campo da produção textual, fotográfica, artes gráficas e da linguagem radiofônica. Além disso, aprofundaram a discussão sobre a luta em defesa da democratização da comunicação, compreendida como mais uma bandeira necessária para construção de um novo modelo de sociedade e retomada da democracia.

De acordo com Ana Iris Pacheco, do setor nacional de comunicação do MST, as ferramentas construídas no curso são instrumentos essenciais para o trabalho de base e nos enfrentamentos da atual conjuntura, principalmente, denunciando o papel que os grandes veículos de comunicação, como a Globo, tiveram no golpe. “A grande mídia dá voz para a classe dominante e não para a classe trabalhadora”, destacou Pacheco.

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Nos debates, vários desafios foram apontados para o
coletivo de comunicação.

Desafios

Essas questões apontaram alguns desafios ao coletivo de comunicação, um deles é o de aprofundar teoricamente o debate acerca da comunicação nos marcos do capital e os mecanismos utilizados para transformar a linguagem em mercadoria. Outro desafio é o enfrentamento aos monopólios de comunicação através de veículos populares construídos pela classe trabalhadora.

Foi pensando nisso, que o curso se dividiu em dois momentos. O primeiro pautou o debate conceitual sobre o processo de luta no campo da batalha das ideias, tendo o Estado como uma estrutura mantenedora de uma ordem social burguesa e a comunicação de massa para legitimar a lógica de dominação e exploração do capital; e por último, a realização de diversos trabalhos técnicos em torno da construção de mídias populares.

Para isso, foi analisado, por dentro e por fora, os veículos de comunicação que o MST tem construído no estado da Bahia e nacionalmente.

Com a participação do Levante Popular da Juventude o curso realizou diversas trocas de experiências. Enfatizando a necessidade de se pensar uma comunicação decentralizada, articulada com outras organizações e tendo como base, a formação política da classe trabalhadora e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Intencionalidade

Para Wesley Lima, do setor de comunicação na Bahia, a prática do coletivo de comunicação deve estar alinhada a intencionalidade, estratégia e projeto político defendido pelo MST e toda classe trabalhadora. “Nossa tarefa, enquanto comunicadores, é de sermos mais uma arma política em defesa da Reforma Agrária Popular, sem perder de vista a luta pela democratização da comunicação, uma bandeira levantada por nossa organização e que precisamos colocá-la na centralidade”, explicou.

Nesse sentido, Caroline de Oliveira, representante do coletivo de comunicação no norte baiano, acredita que a principal tarefa do setor é de mobilizar as bases do Movimento e dialogar com a sociedade sobre o país que queremos.

“Hoje estamos vivendo um momento de golpe e retirada de direitos, não podemos esmorecer. Nossa tarefa é promover a luta e propagandear a Reforma Agrária Popular como uma luta de todas e todos”, defendeu Caroline.

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Oficinas de diversas linguagens marcaram o espaço de
formação.

Rádio Rebelde

Emissora criada por Che Guevara e Fidel Castro, a Rádio Rebelde de Cuba completou 58 anos de resistência e ocupação do latifúndio do ar no dia 24 de fevereiro deste ano. A ideia da utilização da rádio pelo Exército Rebelde foi do Che, que também comandou o traslado dos equipamentos e a instalação da emissora.

Naquela época e ainda mais hoje, fica claro o relevante papel desempenhado pela emissora para o triunfo da Revolução.

Se os meios de comunicação legalizados em Cuba estavam a serviço e sob controle da ditadura de Batista, na Sierra Maestra- desde 1956- os rebeldes construíram sua rede de informações e comunicações voltadas aos próprios guerrilheiros e ao povo cubano. Uma dessas ferramentas, considerada como uma arma, foi a Rádio Rebelde.

Inspirados nessa história, o curso conseguiu traçar diversas linhas políticas que incorporam o planejamento e a ação do coletivo no estado, com foco no fortalecimento da luta e construção do socialismo.