Superintendência do Incra de BH é ocupada pelo MST

Ação que integra a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária mobilizou mais de 1500 trabalhadores Sem Terra na capital mineira.

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Por Geanini Hackbardt
Da Página do MST

 

Na manhã desta terça-feira (18), cerca de 1500 trabalhadores rurais do MST ocuparam a sede do Incra em Belo Horizonte. A ação integra a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, iniciada na segunda-feira (17), com atividades no interior do estado. 

O movimento reivindica a retomada da Reforma Agrária e denuncia a retirada de direitos dos trabalhadores pelo governo golpista de Michel Temer. O objetivo das atividades é chamar a atenção da população para a necessidade da Reforma Agrária, como explica Ênio Bohnenberger, da Direção Nacional do MST. “De que reforma o Brasil precisa? Vamos às ruas mais uma vez para dizer que a Reforma Agrária é a alternativa viável para o Brasil, porque gera trabalho, gera renda e aumenta da produção de alimentos saudáveis”, defende o dirigente.

A agricultura familiar produz 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. No entanto, os agricultores familiares recebem o equivalente a apenas 10% do investimento que é destinado ao agronegócio. Após o golpe, este orçamento foi cortado pela metade, enquanto o investimento no agronegócio se manteve. 

“O governo financia o agronegócio para envenenar os trabalhadores. Agora quer acabar com o Incra. Primeiro eles transformam num balcão de negócios, depois legalizam a venda de terras a estrangeiros. Por isso vamos continuar lutando até derrubar o Temer”, assegura Bohnengerger. 

A consolidação dos assentamentos demanda uma série de políticas públicas estruturais para as famílias que lhes garantam condições para produzir. No entanto, não existe mais acesso aos créditos para investimento e nenhum tipo de assistência técnica.

Para Bohnenberger, a Superintendência do Incra em Minas Gerais (SR6) é uma das mais ineficientes do Brasil. Nos últimos anos, assentou menos de 200 famílias. Mesmo assim, o movimento não abre mão da instituição. “A última vistoria de terra realizada aqui tem anos, o número de famílias assentadas é vergonhoso, nenhuma casa foi construída e vários assentamentos continuam sem água encanada e energia. Mas não é por isso que vamos deixar o golpe destruir as políticas que conquistamos com tanta luta”, explica.

A Jornada Nacional de Luta por Reforma Agrária, apelidada pela imprensa de “Abril Vermelho”, acontece há 21 anos, marcando a data do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 trabalhadores Sem Terra foram assassinados pela polícia do estado do Pará. Desde então, o MST realiza ações para denunciar a impunidade dos mandantes e as causas da violência contra os lutadores pela terra, que segue sendo uma triste realidade no Brasil.

Contato: Geanini Hackbardt (Setor de Comunicação MST / Minas Gerais) – 32 9 9806 0686

 

*Editado por Leonardo Fernandes