MST condena violência policial no Centro de São Paulo

Para o Movimento, uma questão de saúde pública está sendo intencionalmente transformada em caso de polícia.

WhatsApp Image 2017-05-25 at 18.33.56.jpeg

 

Da Página do MST
Foto de Capa: Júlia Dolce

 

O MST emitiu na tarde desta quinta-feira (25), uma nota se posicionando sobre a truculenta abordagem das forças municipais e estaduais na região da Luz, Centro de São Paulo, conhecida como Cracolândia, ocorrida no último domingo (21) e na semana subsequente.

Na nota, o MST se solidariza com as vítimas da repressão desproporcional do Estado e denuncia os interesses escusos de impulsionar a especulação imobiliária no Centro.

O Movimento também alerta para o desmonte de políticas de saúde pública que envolvem a questão das drogas na capital, ao passo que o tratamento passa então a ser policial. Confira o texto:

NOTA

O MST se solidariza com a comunidade do Centro de São Paulo e com as vítimas das investidas violentas do Prefeito João Dória e do Governador Geraldo Alckmin (ambos PSDB) sobre a região.

Com a aparente motivação de exterminar a Cracolândia e o tráfico de drogas na região da Luz, as gestões tucanas promoveram cenas de violência e intolerância. Um aparato com cerca de 900 policiais, segundo relatos, com helicópteros, muitas bombas, balas de borracha, cães e ostensividade dispersou o perímetro ora designado pelas próprias forças do Estado em outros períodos.

Como resultado concreto da operação? Uma furadeira, três armas, poucos quilos de crack e, segundo a Defensoria Pública, 83 presos, com ou sem mandado, praticamente todos usuários. Roupas, colchões, remédios, documentos, objetos pessoais que se acumularam em resultado da operação, também foram apreendidos.

O clima vivido pelos moradores da região é de tensão, com abordagens policiais a todo momento e rondas ostensivas.

Vê-se uma evidente transição no modelo de abordagem ao problema da Cracolândia: a extinção do programa De Braços Abertos, o pedido da Prefeitura ao poder judiciário para autorizar internações compulsórias, o emprego de forças policiais no sentido da dispersão e encarceramento. Num resumo, a questão passa de um problema de saúde pública para uma questão de polícia. O foco na questão da droga esconde, por sua vez, a situação de abandono daquelas pessoas pelo Estado, negligenciados de direitos básicos a um teto, à alimentação, a assistências primárias.

Alertamos, entretanto, sobre interesses não revelados, como a especulação imobiliária na região central da cidade, fantasiada de “revitalização” no discurso do prefeito-empresário. Assim, nos solidarizamos com moradores, usuários reprimidos violentamente e com os trabalhadores de assistência social e áreas integradas que lutam atuando na região por um projeto humanitário para os sujeitos usuários.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – MST

 

 

*Editado por Rafael Soriano