Famílias assentadas comemoram conclusão de 150 casas em São Gabriel, no Rio Grande do Sul

Inauguração simbólica aconteceu nesta quarta-feira, (7) no Assentamento Itaguaçu
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Dona Maria de Lourdes (terceira pessoa na foto, da direita para a esquerda) foi contemplada com o projeto de habitação rural.

 

Por Catiana de Medeiros 
Da Página do MST

A Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (Coceargs) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram na manhã desta quarta-feira (7) a inauguração simbólica de 150 unidades habitacionais, que foram construídas em cinco assentamentos da Reforma Agrária no município de São Gabriel, na Fronteira Oeste gaúcha. O ato de inauguração aconteceu na sede do Assentamento Itaguaçu e reuniu, além das famílias beneficiárias, representantes da prefeitura de São Gabriel, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Câmara de Vereadores.

Os 150 projetos foram contratados em 2014 por meio do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) – Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF). Cada unidade habitacional teve um investimento de R$ 33 mil, sendo R$ 4,5 mil de contrapartida da Secretaria Estadual de Habitação, disponibilizados ainda na gestão do então governador Tarso Genro. A Coceargs atuou como entidade organizadora das obras e deu todo o suporte técnico necessário para as famílias construírem suas casas no Assentamento Conquista de Caiboaté (78 casas); Assentamento Itaguaçu (32 casas); Assentamento Novo Rumo (5 casas), Assentamento Zambeze (21 casas) e Assentamento União pela Terra (14 casas). Segundo a cooperativa, outras 157 propostas de São Gabriel já foram cadastradas no Ministério das Cidades.

Para a assentada Leonice Flores, 32 anos, moradora do Assentamento Itaguaçu, a conquista da casa de alvenaria é um sonho realizado. “As famílias que hoje comemoram a conclusão das obras são símbolo de resistência, porque nós chegamos aqui e continuamos debaixo da lona preta por muito tempo, sem estrada e sem luz. A gente fica pensando se é verdade mesmo, porque sofremos bastante. Então é um sonho realizado. É maravilhoso dar um lar confortável para os filhos, chegar em casa da lida e ter onde cozinhar e dormir com dignidade”, afirma.

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Leonice e sua família em frente à casa nova. Foto Catiana de Medeiros

As unidades habitacionais têm 52,4 m² para dois dormitórios e 52,8 m² para três dormitórios, todas com sala e cozinha conjugada, banheiro e área de serviço. Além disto, a acessibilidade é garantida, bem como a construção de fossas sépticas e o tratamento do esgoto sanitário. Durante a execução dos projetos, os beneficiários também recebem acompanhamento do trabalho social, ocasião em que é realizada uma série de atividades com foco em saneamento básico, reflorestamento, preparação de fitoterápicos e implantação de hortas, entre outras.

 

De acordo com Sidnei Santos, coordenador do setor de habitação da Coceargs, os beneficiários tiveram envolvimento integral no processo de execução das obras, que é feito por meio de construção assistida. Neste tipo de sistema, as famílias têm autonomia para, por exemplo, contratar pedreiros de sua confiança e construir as moradias de acordo com suas preferências pessoais, seja na hora de escolher a planta ou dar o acabamento à obra. “Entregar 150 unidades habitacionais nessa conjuntura de retirada de direitos é muito importante para nós, porque a moradia digna também é uma maneira de fixar as famílias no campo”, explica.

Conforme Maria de Lourdes Carvalho, 71 anos de idade, a casa nova vai propiciar mais conforto para a sua família.  “Ficamos quatro anos acampados, morando debaixo de lona, e mesmo depois de assentados aqui no Itaguaçu passamos seis anos numa casa de madeira. Eu ajudei a construir desde o primeiro tijolo, então ficou do jeito que eu queria. A gente já tem idade e precisa morar numa casa mais confortável, que seja bem fechada e mais quentinha. Estou muito feliz”, declara.