Câmara dos Vereadores concede título de cidadão recifense a Jaime Amorim, dirigente do MST

Para o homenageado Jaime Amorim, o sentimento de receber o título é de alegria, realização, mas também de pensar os desafios políticos que virão pela frente

 

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A indicação do título foi da vereadora Marilia Arraes / Marcos Barbosa

Por Phillyp Mikell da Página do MST  e Marcos Barbosa do Brasil de Fato

Aconteceu na última quarta-feira (14), a cerimônia de entrega do título de Cidadão Recifense ao dirigente do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Jaime Amorim. O título foi concedido pela Câmara dos Vereadores do Recife, a partir de indicação da vereadora do Recife Marília Arraes (PT). O evento ocorreu na Faculdade de Direito do Recife (FDR) e reuniu estudantes, trabalhadores e trabalhadoras, militantes de movimentos populares e parlamentares.

Segundo Marília Arraes, garantir a concessão do título de cidadão recifense a Jaime Amorim nesse momento político de rompimento com a Democracia tem grande significado, porque a luta do MST se refere a toda a classe trabalhadora, ao povo brasileiro historicamente oprimido.

“Foi uma grande vitória nesse momento que a gente está vivendo, que a Democracia está sendo constantemente atacada e um dos ataques mais graves tem sido a criminalização dos movimentos sociais, da organização do povo brasileiro contra esses retrocessos que estão acontecendo” afirma a vereadora.

A deputada estadual Tereza Leitão retomou em sua fala que, há alguns anos atrás, foi sugerida na Assembleia Legislativa de Pernambuco a concessão do título de cidadão pernambucano a Jaime Amorim, mas a proposta foi barrada pelos deputados conservadores. No entanto, Tereza lembrou que, da mesma maneira, o título foi dado nas ruas, em ato público.

“Recife ganha um cidadão comprometido com as causas populares, com uma trajetória irrepreensível na coerência e nas posições que trava. No momento de golpe que a gente está vivendo, Recife ganha um cidadão comprometido com a luta pela democracia” concluiu a deputada.

O dirigente nacional do MST João Pedro Stedile declarou que o MST recebe o título concedido a Jaime de forma coletiva e que o movimento está muito orgulhoso: “posso dizer no MST que Jaime é um dos militantes exemplares”. Stedile aproveitou o momento para informar que Jaime estará assumindo a diretoria da Via Campesina Internacional.

Para o homenageado Jaime Amorim, o sentimento de receber o título é de alegria, realização, mas também de pensar os desafios políticos que virão pela frente. Jaime aproveitou para lembrar do compromisso histórico do MST com Recife, cidade onde se travaram várias lutas do povo Sem Terra, com conquistas e derrotas e lembrou que, apesar de não ser um latifúndio rural, a cidade possui uma região metropolitana que concentra aproximadamente um terço da população pernambucana, onde a grande maioria das famílias trabalhadoras vive nas periferias, fora do centro urbano. Por isso, o dirigente do MST afirma que o movimento tem o compromisso fundamental de trazer para a capital o resultado da luta pela Reforma Agrária: “Como dizia Marighella, a luta pela terra se dá no campo, mas a conquista da Reforma Agrária se dá na cidade”.

Histórico

Em 23 de agosto de 2017, completa-se 28 anos da primeira ocupação do MST no Estado do Pernambuco. A ocupação aconteceu no Engenho Mercês, no município de Cabo de Santo Agostinho com 450 famílias.. Dente então, são 226 assentamentos com pouco mais de 14 mil famílias assentadas e 163 acampamentos com mais de 16 mil famílias acampadas.

A história de Jaime Amorim esta intrinsecamente vinculada à construção histórica do MST  no Estado de Pernambuco. Natural de Santa Catarina, deixou sua família e sua militância em Guaramirim para ajudar a construir o MST no Nordeste, sua primeira parada foi na Bahia, depois passou por Maceió.

Já em Pernambuco participou da primeira ocupação, deslocando-se definitivamente em janeiro de 1992 para Pernambuco, onde mora até hoje.