MST condena brutalidade do Estado em despejo no Espírito Santo
Da Página do MST
Após um brutal despejo de acampados Sem Terra em Conceição da Barra, a direção do MST no Espírito Santo emitiu uma nota se posicionando em defesa da luta pela terra e condenando a ação do Estado.
Os acampados, que transformaram um canavial abandonado em 50 hectares de produção saudável de alimentos, viram suas casas e lavouras serem destruídas por tratores e uma tropa de choque.
“O Estado disponibilizou cavalaria, tropa de choque, helicóptero, ambulância, hospital, delegacia, tratores e caminhões para despejar as famílias. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) levou um rolo de lona p cobrir o que sobrou dos barracos destruídos pelos tratores e pelo fogo”, condena Adelson Lima, da direção estadual do MST.
Segundo o militante, as famílias desabrigadas ainda se submeteram a situação desumana à mercê da chuva, que molhou móveis e roupas.
O MST ainda alerta para novos despejos iminentes, previstos para o dia 18.
Com a desfiguração do acampamento, as famílias se deslocaram para uma área quilombola próximo à região, onde foram solidariamente acolhidas pela comunidade tradicional enquanto se reorganizam para a luta.
Foi também marcante o nível de solidariedade de organizações e indivíduos para com as famílias, doando alimentos, lona e o próprio terreno para se realojarem.
Confira o comunicado emitido pela direção estadual do MST.
Moção de apoio à luta pela Reforma Agrária – MST/ES
Após 9 meses de ocupação da terra na fazenda Itaúnas, às margens da BR 101, próximo ao distrito de Braço do Rio, município de Conceição da Barra ES, mais de 200 famílias do acampamento Fidel Castro transformaram um canavial abandonado em mais de 50 hectares cultivado de plantas alimentícias, medicinais e ornamentais. Tudo foi destruído juntamente com os barracos de lona no dia 11 de julho de 2017 pela truculência da tropa de choque com o uso de cavalaria e helicóptero reprimindo e dispersando as famílias. A coragem e a valentia de valiosos companheiros/as, enfrentando a repressão, reconduziram as famílias para uma escola no assentamento Jundiá, onde permanecem reorganizando o acampamento.
Apesar da tamanha violência policial, nesse contexto de golpe e crise, a indignação e rebeldia mostrou-se maior que o medo. Por isso as famílias e os aliados não dispersaram. Enquanto estão sendo espalhada a violência e destruição, estamos juntando e acolhendo solidariedade, apoio e contribuições como têm ocorrido nesses 32 anos de MST.
Concentração da terra e da renda – a causa da pobreza e da violência.
No município de Conceição da Barra, a concentração da terra e o modelo do agronegócio são tão violentos quanto o aparato do Estado utilizado para expulsar as famílias acampadas na área da falida Destilaria Itaúnas S/A (DISA) e da Agropecuária Aliança S/A (APAL).
O problema se aprofunda quando se constata que a maioria das grandes áreas agricultáveis estão ocupadas com eucalipto, cana de açúcar e pastagem; atividades agropecuárias que não geram postos de trabalho no campo, utiliza altos índices de agrotóxico e não movimenta a economia local e ainda gera o aumento da violência e pobreza.
Bloqueio à reforma agrária
O bloqueia a reforma agrária através da aprovação da Medida Provisória 759 que trata da privatização das terras brasileira, está sendo realizada na esfera política, jurídica, financeira, policial e midiática, em favorecimento ao avanço do agronegócio. Outras medidas complementam esse cenário: estrangeirização das terras, mudanças na legislação do uso de agrotóxico, transgênico, mudança no código florestal e a criminalização dos movimentos sociais no campo.
Apesar da repressão e violência do Estado, o MST recolhe apoio e solidariedade.
A onda de violência nas reintegrações de posse já tem data marcada para acontecer, desta vez serão os acampamentos Antônio Conselheiro (50 famílias) e Ondina Dias (300 famílias) ambos em Nova Venécia previsto para o dia 18/07/17. A luta por REFORMA AGRÁRIA se faz urgente e necessária para garantir dignidade para a classe trabalhadora do campo e da cidade.
As famílias acampadas nas áreas mencionadas estão precisando da nossa SOLIDARIEDADE e ajuda, principalmente doando alimentos e lonas para montagem dos barracos, além da assessoria jurídica. Todas as contribuições são bem-vinda.
LUTAR: construir reforma agrária popular!
*Editado por Rafael Soriano