Começou a 7ª Conferência da Via Campesina: Camponeses de 70 países se reúnem para criar soberania alimentar
Da via Campesina
A 7ª Conferência Internacional da Via Campesina, o maior movimento camponês do mundo, começa hoje (19) em Derio, um tranquilo povoado na província de Bizkaia, no País Basco, e acontecerá até o dia 24 de julho.
Cerca de 450 movimentos camponeses de todas as partes do mundo se reúnem para continuar a luta contra o capitalismo e propor medidas concretas para construir um mundo alternativo baseado na dignidade e na soberania alimentar. Esta conferência, um encontro único e vibrante dos movimentos camponeses, acontece a cada quatro anos e é o espaço mais importante da tomada de decisões da Via Campesina.
“É único porque somos um movimento diverso, ao mesmo tempo que estamos unidos pelas nossas lutas. Somos aqueles que trabalham na terra e que alimentam o mundo, mas nossos territórios estão sob ataques constantemente. Enfrentamos uma criminalização crescente. E esta conferência é um passo adiante na internacionalização das nossas lutas, por criar uma estratégia para frear os poderes do capitalismo global e construir um movimento para a mudança”, afirma Elizabeth Mpofu, camponesa do Zimbábue e Coordenadora Geral da Via Campesina.
“A Via Campesina continua crescendo. Atualmente temos aproximadamente 200 organizações. Somos um modelo político internacional”, afirma Unai Aranguren, membro europeu do Comitê de Coordenação Internacional da Via Campesina.
A 7ª Conferência Internacional foi antecedida pela 4ª Assembleia Internacional de Jovens, que aconteceu entre os dias 16 e 17 de julho, e a 5ª Assembleia Internacional de Mulheres, nos dias 17 e 18 de julho, que proporcionaram espaços para que os jovens e as mulheres camponesas do movimento expressassem seus desafios e suas propostas nesta luta.
A assembleia de jovens propôs uma reflexão sobre como os jovens são os mais afetados pela migração. No espaço, também se discutiu a necessidade dos movimentos sociais investirem nos jovens camponeses e a promoção da reforma agrária, que garantirá o acesso e o controle sobre a terra e o território, além da ampliação da formação sobre as práticas agroecológicas camponesas, que atualmente são urgentes. Os jovens também declararam solidariedade à “Marcha em defesa da soberania alimentar e da Mãe Terra”, organizada pelo Movimento para a Terra do País Basco.
A Assembleia de Mulheres teve como foco os crescentes casos de violência que as mulheres têm sofrido em suas casas, nos territórios e em todas as partes da sociedade patriarcal. Na assembleia, as mulheres se comprometeram a continuar a luta para criar um movimento de mudança com feminismo e soberania alimentar.
Agora, durante uma intensa programação de quatro dias, o movimento camponês discutirá diferentes temas, entre eles, soberania alimentar, agroecologia camponesa, redes de formação independentes, direitos dos imigrantes, comércio, justiça climática, criminalização dos movimentos sociais e criação de alianças. Também debaterá o esboço da Declaração da ONU sobre o direito dos camponeses e outros trabalhadores rurais, uma iniciativa da Via Campesina, que garantiu que a negociação avançasse no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Na conferência, serão definidas as novas estratégias de ação, o caráter da luta nos próximos quatro anos e as novas lideranças que, junto aos novos membros, receberão as saudações do movimento.
No domingo, dia 23, a Via Campesina, a EHNE BIskaia [a organização anfitriã do evento e membro do movimento global no País Basco) e as organizações aliadas realizarão uma marcha com os camponeses locais em Bilbao em solidariedade às lutas em defesa das suas terras e de seus territórios e contra os megaprojetos. Na segunda (24), serão organizadas visitas aos campos de plantação, em que estarão presentes todos os participantes da conferência. Mais visitas aos campos do país acontecerão entre os dias 26 e 28 de julho, desta vez com alguns representantes das nove regiões da Via Campesina.