“Os grandes latifundiários nunca compraram terra. Eles usurparam”, afirma dirigente do MST

Para Domingas, a luta em defesa de um projeto de sociedade diferente precisa ser continua com o objetivo de garantir direitos, como terra, educação, saúde e moradia.

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Ao participar do XVII Festival da Leitura, com o tema “Os conflitos pela terra no Brasil”, realizado no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, nesta última terça-feira (8), em Itaberaba, Domingas Farias, da direção estadual do MST, denunciou o modelo de produção do agronegócio e o contexto político e territorial que surge os grandes latifúndios existentes no Brasil.

O Festival contou com a participação de alunos e professores da rede pública de ensino e na mesa de debates, junto ao MST, estava a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que apontaram diversos desafios, com foco na luta pela terra.

Ao historicizar a questão agrária brasileira, Farias contou que logo após a modernização da produção agrícola, as questões relacionadas aos conflitos no campo ganharam maiores dimensões. “Os conflitos fundiários no decorrer da história do país obtiveram diferentes contornos, exemplo disso, foi o massacre ocorrido no município de Eldorado dos Carajás (PA). Carajás é um exemplo histórico, porém, o Brasil tem recorde de números de assassinatos de trabalhadoras e trabalhadores do campo. São mais de 68 casos apenas nesse ano”.

Tendo o conflito agrário como plano de fundo, destacou ainda que o Brasil não foi descoberto, mas sim, invadido. “Aqui existia mais de 5 milhões de índios e de lá para cá sempre foi dura a luta para sobreviver ao processo de desumanização e escravização do ser humano. Os negros, vítimas da diáspora, foram arrancados de sua terra para fortalecerem a colônia portuguesa e a luta que a gente faz hoje, é justamente contra toda essa história de negação e usurpação de nossa dignidade”.

Luta permanente

Para Domingas, a luta em defesa de um projeto de sociedade diferente precisa ser continua com o objetivo de garantir direitos, como terra, educação, saúde e moradia. “O importante é sabermos que em nossa história sempre houve aqueles e aquelas que lutaram e que acreditaram num mundo diferente, como Zumbi dos Palmares, Dandara, Antônio Conselheiro, Margarida Alves”.

Ao buscar inspiração nesses legados, a dirigente enfatizou que a história da classe trabalhadora é fruto da organização social, das conquistas políticas, e colocou como desafio à juventude presente no Festival, a tarefa de impulsionar a luta dentro das escolas e em suas casas, para que não haja retrocessos e perca de direitos.