Caderno dos Núcleos: uma experiência de formação e luta do MST na Bahia

“Uma vez por semana as famílias se reuniam para ler. Nesse momento as experiências eram trocadas e o conhecimento compartilhado”.

 

Do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Na primeira ocupação de terra realizada pelo MST no estado da Bahia, em setembro de 1987, já se pautava a construção de instrumentos de estudo, que alinhados a luta, transformavam-se em mecanismos importantes para formação política dos trabalhadores.

Uma experiência marcante na história foi o “Caderno dos Núcleos”. A primeira edição, veiculada em julho de 2003, ocorreu durante uma ampla campanha de luta contra o latifúndio e os produtos transgênicos na Bahia. Numa tiragem de mil exemplares, o caderno cumpriu a função de dialogar com as famílias acampadas e assentadas sobre o atual momento político que vivia o Brasil e mobiliza-las contra os produtos transgênicos.

Para garantir máxima circulação entre as famílias Sem Terra, o caderno foi pensado para ser usado nas reuniões, assembleias, seminários, oficinas e demais atividades.

Suas publicações seguiram o mesmo caráter da primeira edição, porém com temas diversos e uma ampliação de sua impressão. Exemplo disso, foi a última edição publicada em 2008, com uma tiragem de 2 mil exemplares.

Os cadernos foram construídos pelo setor de comunicação do MST, em parceria com os demais setores do Movimento, como formação, gênero, produção, cultura e juventude, além da militância convidada para escrever conteúdo.

Os textos, gráficos, as fotos e entrevistas realizadas para compor a estrutura eram construídas de maneira colaborativa. Para direção do Movimento, esse fator foi essencial para que os sujeitos se sentissem parte fundamental do instrumento de formação.

Antônio Martins, do coletivo de formação estadual do MST, acompanhou o processo de circulação do caderno e afirma que o mesmo cumpriu papeis fundamentais para o processo de construção e organização do Movimento.

“Três aspectos são importantes para entendermos os cadernos de núcleo. O primeiro foi o caráter formativo das edições, pois sempre abordaram temas atuais e com conteúdo pensado para realidade campesina. Um segundo elemento, foram as informações baseadas em matérias e artigos construídos pelos Movimentos, do campo e da cidade. E por fim, o caráter organizativo”.

Nesse último, Martins explica que o método de estudo do caderno era fundamental para fortalecer a coletividade e a construção do conhecimento. “Uma vez por semana as famílias se reuniam para ler. Nesse momento as experiências eram trocadas e o conhecimento compartilhado”, destaca.

Rumo aos 30 anos

Os cadernos fazem parte da história do MST na Bahia e nas comemorações dos 30 anos que vão acontecer entre os dias 7 e 10 de setembro, em Itamaraju, serão resgatadas várias edições do material para leitura.