Pulverização aérea de agrotóxicos pode ser extinta em Americana-SP

O autor é o professor Padre Sérgio, que defende que há um sério prejuízo e risco de saúde pública e coletiva e recorda que a pulverização aérea já foi extinta em diversos países da Europa e da América do Norte.

 

Por Rafael Soriano
Da Página do MST

Uma região marcada pela concentração fundiária e pelo agronegócio pode estar prestes a se livrar da pulverização aérea de substâncias agroquímicas, que afetam diretamente a saúde da população e do meio ambiente.

O projeto de Lei 53/2017 que veta a pulverização aérea vai à votação no dia 14/09 e, em aprovado, consiste em um marco para a reversão desta prática indiscriminadamente utilizada pelas empresas do agronegócio no Brasil.

No final de junho, o projeto foi aprovado em primeira discussão por unanimidade na Câmara de Vereadores de Americana, que fica a 115km de São Paulo.

Entretanto, uma reviravolta no encaminhamento da proposta aconteceu com o forte lobby do agronegócio e do setor de aviação agrícola. Os vereadores adiaram por dois meses a discussão e, nesta quinta-feira, será a decisão, com acompanhamento de perto dos movimentos populares e da sociedade civil.

O autor é o professor Padre Sérgio, que defende que há um sério prejuízo e risco de saúde pública e coletiva e recorda que a pulverização aérea já foi extinta em diversos países da Europa e da América do Norte. “São alergias de pele e respiratória que atingem as pessoas. A Europa e América do Norte já aboliram esta prática, e o Brasil não tem controle”, denuncia o vereador.

Na ocasião da votação final do projeto, o MST e a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida prometem realizar uma vigília em frente à Câmara de Vereadores. Uma audiência pública aconteceu na última semana para ampliar o debate e a participação da comunidade no tema. Uma das pessoas a se manifestar foi Eunice Pimenta, da coordenação estadual do MST.

“Nós somos uma comunidade com 69 famílias assentadas, cultivando alimentos orgânicos. Ao lado do nosso assentamento tem um bairro chamado Monte Verde, com mais de duas mil famílias. Um assentamento a 20 metros de distâncias da cana e a nascente do córrego Jacutinga na área da cana. Muitas famílias denunciam que já tomaram banho de veneno”, explica Eunice.

“Não dá pra aguentar mais jogarem veneno sobre nossas cabeças. Nós não queremos perder nossa certificação de produção orgânica, que tanto lutamos para conquistar”. Eunice arremata: “mais de 70% da comida que tá na mesa é produzida por nós, não é pela monocultura (que é só exportada). A comida que tá na mesa, comprovadamente, somos nós que produzimos”.

 

*Editado por Maura Silva