Cultura Sem Terra: uma revolução que transpõe barreiras
Sobre como a cultura pode transformar realidades e até ganhar batalhas, Natália cita a luta feminina do MST, que conseguiu, através da cultura e das místicas, falar de temas polêmicos e questionar lugares de fala e dinâmicas da sociedade. Ela se lembra de como a cultura a tocou pela primeira vez:
“Foi em uma ação que fizemos dentro do Encontro Estadual realizado no Vale do Rio Doce, e nele a cultura foi nossa forma de falar. Aconteceu uma mística que teve um impacto muito grande, tanto que até hoje ela é muito falada. Só nesse dia que eu fui perceber o peso que a arte tem na hora de falar. Foi quando as mulheres se empoderaram, e se nós tivéssemos usado outro tipo de linguagem, que não a arte, não teríamos conquistado nosso espaço. Todo mundo conseguiu se comover com nossa causa e nosso lugar de fala. A arte põe o dedo na ferida. Nesse momento eu me apaixonei pela arte.”
Apaixonada pelo Movimento, Natália fala sobre como a cultura está presente desde o primeiro barraco de lona erguido em cada acampamento, criando a magia e a beleza de ser sem terra. Como sua principal referência, ela aponta a Lucinha Pereira, sua mãe, que além de estar na política e envolvida com diversas outras tarefas, como o plantio, é bastante engajada na frente de cultura do MST.
Partindo da ideia de que semear arte e cultura transforma realidades, o Movimento trabalha a solidariedade, o respeito ao outro e suas histórias de vitória e resistência através do amor pelo simples que vem de cada coração que pulsa dentro da luta pela terra e se materializa em forma de cultura.
*Editado por Geanini Hackbardt