Juventude Sem Terra participa em peso de vestibular na UFTM
Por Vinicius Souza
Do Jornalistas Livres
Neste domingo (04/09), jovens de diversos estados brasileiros viajaram até a cidade mineira de Iturama para concorrer a uma das 50 vagas do curso de Agronomia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM. O processo seletivo contou com cerca de 350 inscritos, sendo que pelo menos 80% destes é de jovens do MST, outros movimentos de luta pela terra e de comunidades tradicionais, como os quilombolas.
Aguinaldo Batista, da coordenação estadual do MST, destacou a importância do curso e da participação de estudantes vindos de movimentos organizados, principalmente para a luta dos movimentos na região do Triângulo Mineiro.
Aguinaldo reafirmou a motivação da juventude organizada: “Além de marcha do movimento apoiar os jovens, também serve como uma denúncia pela falta de cursos voltados à juventude do campo. Se abrirem 50 turmas de agronomia no Brasil inteiro para a juventude do campo, a gente preenche todas as vagas e ainda vai faltar lugar. Existe a intenção de fazer bem o curso e depois devolver à sociedade com serviços no campo que possam melhorar a terra e o meio ambiente, rompendo com o agronegócio e o uso de agrotóxicos na produção de alimentos”, concluiu.
O Curso
Por meio de apoio do PRONERA (Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária) o curso de Agronomia da UFTM na cidade de Iturama foi desenvolvido tendo como público-alvo jovens e adultos de assentamentos da Reforma Agrária.
Apesar dessa importante iniciativa, na prática o que se viu foi uma tentativa de excluir os trabalhadores do campo do processo. Conforme pontua a militante Renata Menezes, do Levante Popular da Juventude e do MST, “os movimentos sociais e toda a população do campo repudiam essa tentativa de afastar a gente das discussões do PRONERA e da educação do campo. Precisamos fortalecer esse processo para que seja cada vez mais participativo, como sempre foi e como era a intenção do PRONERA quando foi planejado e criado”.
Segundo Renata, “o curso é a materialização de um processo que já vinha sendo construído antes. Na região do pontal do Paranapanema, já faz dois meses que a gente está em preparação com a juventude para o vestibular”. Para ela, o compromisso da luta pela terra, também, é um compromisso da luta por conhecimento. “A gente entende que essa é um trincheira, a universidade é um latifúndio que precisa ter as cercas cortadas”, finalizou.