Comemorações dos 30 anos é marcada pelo resgate da luta pela terra na Bahia
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Fotos: Daniela Moura
Da Página do MST
Foram quatro dias de festas em comemoração aos 30 anos de luta e resistência dos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra da Bahia. Atrações culturais, mesas de debate, produtos da Reforma Agrária e muita “mística revolucionária” marcaram as atividades que aconteceram de 07 a 10 de setembro, no Assentamento 40 45, em Alcobaça, e na Praça José Berilo de Carvalho, no centro de Itamaraju.
As comemorações reconstruíram os passos dados pelo Movimento desde a primeira ocupação realizada na madrugada do dia 07 de setembro de 1987, na fazenda 40 45, e o plantio Flávio José, Ilê Aiyê, Targino Gondim, Banda Levante e Wilson Aragão subiram ao palco do evento, que reuniu cerca de 1,2 mil trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra de dez regiões da Bahia. Além disso, as festas contaram com a participação e parceria de Movimentos, Organizações Populares, Partidos de Esquerda, amigos e militantes históricos.
Artistas como Adelmario Coelho, Gerri Cunha, Flávio José, Ilê Aiyê, Targino Gondim, Banda Levante e Wilson Aragão subiram ao palco do evento, que reuniu cerca de 1,2 mil trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra de dez regiões da Bahia. Além disso, as festas contaram com a participação e parceria de Movimentos, Organizações Populares, Partidos de Esquerda, amigos e militantes históricos.
João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, participou das comemorações e destacou a importância da luta pela Reforma Agrária na Bahia, com foco no protagonismo nordestino para construção do Movimento a nível nacional. “É desse ponto do nordeste que saí quadros políticos, formulações e muitas lutas contra o agronegócio”.
“Não podemos deixar passar despercebido o marco político e os ganhos organizativos que a classe trabalhadora tem com as lutas impulsionadas pelo Movimento no estado da Bahia. Comemorar tais iniciativas é também, projetar a organização para mais 30 anos de luta”.
Já Evanildo Costa, também da direção do Movimento, ao comemorar as conquistas nestes 30 anos, afirma que a organização possuí 218 acampamentos e 146 assentamentos. Além de várias escolas, postos de saúde, quadras poliesportivas e tem acessado linhas de créditos para fortalecer o manejo produtivo agroecológico.
“Todas essas conquistas são fruto de nossas marchas, mobilizações e ocupações. Mas, não podemos esquecer de nossa maior conquista, que é a nossa militância. Cada trabalhador e trabalhadora são patrimônio de nosso Movimento e precisamos continuar realizando nossas atividades de formação para avançarmos na construção de novos quadros e assim, fortalecermos nossas lutas”, explicou Costa.
Feira da Reforma Agrária
Paralelo as atividades que aconteceram no palco das comemorações, a produção de alimentos saudáveis, um dos temas de discussão dos 30 anos, foi vivenciada na prática com a realização da Feira Estadual da Reforma Agrária.
Diversidade, qualidade e coletividade são palavras que representaram muito bem os alimentos produzidos nos assentamentos e acampamentos de toda Bahia disponíveis à população itamarajuense, com o objetivo de dialogar com a sociedade sobre a produção e o consumo de alimentos.
De acordo com Nivia Regina, da direção do MST, as feiras possuem também o objetivo de debater a agroecologia, não apenas como uma agricultura alternativa, mas sim, como um processo construído pelo campesinato, seja ele camponês, indígena ou quilombola. “É um legado e a agente precisa retomar esse processo, que contribui de forma essencial à luta”.
“Estamos falando de um elemento construtivo da Reforma Agrária. É algo fundamental para a vida no campo e na cidade. Se a gente coloca a agroecologia nas comemorações dos 30 anos de MST na Bahia, estamos reconhecendo que há uma prática social militante e técnica na construção agroecológica”, argumentou.
“Queremos mais 30 anos”
Domingas Farias, da direção estadual, compôs o coletivo que organizou e coordenou as atividades do evento. Para ela esses 30 anos é um momento místico, de resgate, avaliação e projeção do MST para o próximo período de luta.
“A luta pela terra precisa estar alinhada a uma estratégia revolucionária e nestes 30 anos fizemos isso. Ocupamos latifúndios, marchamos debaixo de sol quente nas BRs e acima de tudo, acumulamos para realização de uma transformação da sociedade. Queremos mais 30 anos de luta e resistência. Isso ninguém nos tira. Nossa rebeldia. Nossa força. Nosso desejo de dias melhores”, apontou Farias.
Os 30 anos foi considerado um marco político na história do MST no Extremo Sul e em toda Bahia, pois conseguiu envolver a sociedade na simbologia da luta pela terra e na construção de um projeto político coletivo e soberano.