Mutirão leva o debate da Saúde Popular aos assentamentos do MST
As diversas práticas em saúde vivenciadas durante o mutirão preparam as famílias assentadas e acampadas do MST para participarem do Encontro Estadual do Setor de Saúde, que ocorre no fim de setembro, em Salvador.
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Na última segunda-feira (11), o MST, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) através da Pró Reitoria de Extensão (PROEXT), deu início a um mutirão com profissionais da saúde, educação e produção, em assentamentos e acampamentos no Baixo Sul do estado.
O mutirão é uma iniciativa do Projeto de Extensão Universitária “ACC’s: Promoção da Saúde e Qualidade de Vida”, que é coordenado pela professora Maria Constantina Caputo. As atividades do projeto atenderam os assentamentos Che Guevara e Candelária, ambos localizados próximos a BR 101, a 450 km de Salvador, em Wenceslau Guimarães.
Com o objetivo de discutir com as comunidades temas transversais e compartilhar vivências; estreitar as relações entre o campo e a cidade; integrar a juventude ao contexto universitário e ao mesmo tempo, prepará-los para a inserção no ensino superior com aulas preparatórias para o Exame Nacional do Nível Médio (ENEM), o projeto conseguiu envolver 97 famílias.
Temas do cotidiano dos trabalhadores como a saúde e bem-estar, hipertensão, diabete saúde da mulher e do homem, primeiros socorros, o debate de gênero e o uso do álcool e outras drogas, estiveram presentes durante o mutirão. Além disso, a atividade abordou temas relacionados aos direitos, como o acesso as políticas públicas no campo da produção, compostagens, água e saneamento.
Essas questões foram alinhadas aos procedimentos básicos em odontologia, vacinação de crianças, idosos e a construção de uma biblioteca comunitária.
Saúde popular
Um ponto importante foi o uso das plantas medicinais, cultivadas nas comunidades, para debater o tratamento de algumas doenças com o preparo de chás, lambedores, infusão, sumos, sabonetes, tinturas e outros.

Dona Maria Isabel (55), moradora do Assentamento Che Guevara, fala da importância em cultivar plantas medicinais no seu quintal e como as mesmas servem, não só para o consumo próprio, mas também para as pessoas que precisam utilizar as plantas. “Para nós do campo, as ervas sempre existiram, pois a gente sempre plantou no quintal. Nós não podemos viver sem elas”, comenta Isabel.
Nesse sentido, a produção de sabonetes fitoterápicos tronou-se um dos focos das atividades, pois trazem a importância dermatológica de cada planta, desde o preparo dos chás à forma de conservar suas propriedades.
Para valorizar o saber e fazer milenar do povo do campo, além das práticas de fitoterapia, que ganharam espaço no cronograma das ações, a atuação do projeto continua na região até o sábado (16).
Rumo ao Encontro Estadual
As diversas práticas em saúde vivenciadas durante o mutirão preparam as famílias assentadas e acampadas do MST para participarem do Encontro Estadual do Setor de Saúde, que acontecerá de 22 a 24 de setembro, no Centro de Treinamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em Salvador.
Cerca de 100 cuidadores e médicos populares são aguardados para discutir a concepção de Saúde Popular, a partir do resgate de práticas tradicionais.
*Editado por Leonardo Fernandes