Crianças se reúnem em Pernambuco para o XIII Encontro Estadual dos Sem Terrinha

O encontro teve como objetivo reunir os pequenos em torno da comemoração ao dia das crianças através de atividades lúdicas de formação como oficinas e rodas culturais
WhatsApp Image 2017-10-11 at 12.04.37.jpeg

 

Da página do MST 

Entre os dias 08 e 10 de outubro, foi realizado no Centro de Formação Paulo Freire, no assentamento Normandia em Caruaru, Pernambuco, o XIII Encontro Estadual dos Sem Terrinha. 

A atividade contou com a participação de 800 crianças, organizadas em 30 regionais, que representaram todas as crianças Sem Terras do estado de Pernambuco.

O encontro teve como objetivo reunir os pequenos em torno da comemoração ao dia das crianças através de atividades lúdicas de formação como oficinas e rodas culturais.

Na terça-feira (10), último dia do encontro, as crianças encerram as atividades com uma caminhada pelo centro de Caruaru. 

A Marcha foi uma maneira pedagógica de fazer as crianças entenderem desde cedo que um mundo mais justo, igualitário e com os direitos garantidos, só é possível através da organização e da luta. 

A pauta de negociação é a forma concreta de fazer as crianças interagirem com as suas demandas, as demandas de suas famílias e suas comunidades. Com isso os pequenos aprendem desde a infância a lutar por educação, saúde e outros direitos básicos que têm se tornado cada dia mais escassos, em especial no campo.  

Ao final do encontro os Sem Terrinhas escreveram carta oficial com suas principais demandas, leia a íntegra: 

WhatsApp Image 2017-10-11 at 12.04.33.jpeg

XIII ENCONTRO ESTADUAL DOS SEM TERRINHAS

Nós, os Sem Terrinhas pernambucanos, estivemos reunidos entre os dias 08 e 10 de outubro de 2017 no 13º Encontro Estadual realizado no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia em Caruaru, com o lema “Alimentação Saudável” para brincar e lutar pelos direitos de todas e todos Sem Terrinhas.

Escrevemos esta carta para o professor Anísio Brasileiro, Reitor da Universidade Federal de Pernambuco, para que ele não cometa um erro com 5 jóvens que lutando pelos seus direitos ocuparam a sua escola, assim como nós ocupamos terra. Sabemos que é somente lutando que escutam a gente e a gente consegue saúde, educação, biblioteca, lanche, casa e brincadeiras.

Esses jovens nos falaram que seus objetivos são para que não tirem dinheiro da universidade, pois com esse dinheiro conseguem colocar mais gente para estudar, assim como nós Sem Terrinhas que queremos um dia chegar lá.

Ficamos tristes e indignados com essas pessoas que querem tirar o direito desses jovens de estudar. Nos contaram que Rosa Karina, que um dia já foi Sem Terrinha como a gente,  e é filha de assentados do assentamento Normandia, é um desses jovens que pode perder a universidade porque resolveu lutar por ela,  e nós bem sabemos que lutar não é crime!

Aqui no encontro cantamos assim “o risco que corre o pau corre o machado, não há o que temer” e cantando assim queremos dizer que estamos dispostos a lutar para que Rosa e os outros jovens possam seguir na universidade, pois no MST aprendemos que a educação tem que ser crítica e questionadora, que criança saudável estuda, faz barraco e ajuda no roçado e que ocupar a escola é igual a ocupar o INCRA. 

Escrevemos também para denunciar o fechamento das escolas do campo e para dizer que lutaremos pela democracia assim como nossos pais lutaram! Porque nossa casa, nossa terra, nossa escola foi uma conquista que nos ensinam a brincar, estudar e lutar sempre.

“Sou sem-terrinha no MST
acordo todo dia pra brincar você vai ver
lutar por escola saúde e educação esse é meu direito eu não abro mão.”

Sem Terrinhas de Pernambuco, 10 de outubro de 2017.