Assentadas e acampadas participaram do curso Marxismo e Feminismo em Viamão (RS)

A atividade visou formar as mulheres militantes do MST contra o machismo e as desigualdades de gênero
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Fotos: Catiana de Medeiros 

 

Por Letícia Stasiak 
Da Página do MST

 

Setenta e cinco camponesas assentadas e acampadas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região Sul do Brasil participaram do Curso Marxismo e Feminismo, dos dias 18 a 20 de outubro, no Assentamento Filhos de Sepé, localizado no município de Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre (RS).

O curso tinha como objetivo a formação das mulheres militantes do MST para o enfrentamento ás violências e ao machismo. Os principais debates foram os desafios na construção do movimento enquanto instrumento político de luta, a descriminalização do aborto, a Reforma Agrária Popular e a alimentação saudável, os tipos de violência na vida das mulheres e o trabalho doméstico no pensamento Marxista.

O marxismo se une ao debate do feminismo a partir do momento em que traz em seus estudos a origem das diferenças de classes e a opressão da classe trabalhadora e faz repensar como as mulheres são oprimidas pelo sistema capitalista da propriedade privada. “O marxismo diz que tudo que está na esfera do humano é construído socialmente e o feminismo é a luta das mulheres por igualdade de direitos nos diversos espaços da sociedade, por isso precisamos entender para combater”, ressalta a assentada e coordenadora do Setor de Gênero do MST no RS, Roberta Coimbra.

Muitos são os desafios enfrentados pelas mulheres dentro na nossa sociedade, visto que o machismo patriarcal está consolidado e traz prejuízos reais para as mulheres, principalmente às camponesas, negras e indígenas. “Hoje, as mulheres assentadas lutam pela visibilidade e acesso aos meios de produção nos assentamentos e também por políticas públicas de combate às violências. Mais da metade dos alimentos produzidos sai de mãos femininas e não existe nenhuma política real para essa produção”, ressalta Roberta.

Os números registrados sobre as violências contra as mulheres são assustadores, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. Essa realidade se agrava ainda mais no meio rural porque o atendimento raramente chega nesses lugares e a possibilidade de registros e socorro é sempre uma grande dificuldade. Além disso, essas mulheres têm diversos direitos retirados, como previdência, saúde, educação e créditos.

Segundo Danieli Cazarotto, participante do curso, o feminismo traz o debate sobre a igualdade de direitos e a organização das mulheres no combate à violência, por isso é preciso empoderar cada vez mais as mulheres e também despertar a reflexão de toda a população sobre as desigualdades de gênero. Sobre isso, Roberta salienta que o encaminhamento do curso foi a continuidade da formação feminista das lideranças, tanto homens quanto mulheres, para que avance esse debate nos assentamentos e acampamentos, além da confecção de materiais de instrumentalização sobre o assunto.