Sem Terra ampliam acampamento no Vale do Paraíba em São Paulo

As famílias voltaram a ocupar uma pequena área da fazenda eM 2015 e, de maneira pacífica, seguem produzindo alimentos agroecológicos e resistindo em condições precárias
WhatsApp Image 2017-10-29 at 15.06.12 (1).jpeg

 

Da Página do MST

Na madrugada deste domingo (29), o MST voltou a ocupar a sede da Fazenda Bela Vista, localizada no município de Lagoinha, interior de São Paulo, para denunciar o descaso com a Reforma Agrária na região e exigir o assentamento das famílias na área. Há sete anos, o MST ocupou pela primeira vez a fazenda, que foi decretada para fins de Reforma Agrária em 2012. 

Fruto dessa luta, em meados de abril de 2014, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) obteve a posse da área, mas em novembro do mesmo ano as famílias sofreram despejo. Na ocasião, o latifundiário alegou na Justiça que o Incra não possuía a licença ambiental necessária para a criação do assentamento.   Há  cerca 10 meses, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, (CETESB), órgão responsável pelo documento, emitiu a licença prévia autorizando a instalação do assentamento, mas o órgão ainda não deu continuidade ao processo.

Desde 2015 as famílias voltaram a ocupar uma pequena área da fazenda e, de maneira pacífica, seguem produzindo alimentos agroecológicos e resistindo em condições precárias. 

Em pauta na última Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, realizada pelo MST no mês de outubro, durante ocupação da superintendência do Incra em São Paulo, as famílias exigiram a criação imediata do assentamento na fazenda.

Ainda durante a manhã deste domingo, o acampamento recebeu visitas de grupos aliados,  como a Central dos Movimentos Populares (CMP), Coletivo Mixgenação, Centro Dandara de Promotoras Legais Populares, o Diretório  Municipal do PT de Taubaté e do deputado estadual Carlos Neder, que visita a região com sua assessoria e, inclusive, contribuiu na mediação de um conflito em que um funcionário da fazenda ameaçava as famílias com violência.

WhatsApp Image 2017-10-29 at 15.06.13.jpeg
Presença da Polícia Militar na ocupação

Terra para quem nela trabalha

Resistindo dentro da área há dois anos, mesmo com o descaso sobre as reivindicações, as famílias do acampamento Egídio Brunetto produzem de forma agroecológica com hortas, criação de pequenos animais, produção de mudas e com o desenvolvimento de tecnologias sociais, como banheiro seco e lavadora de roupas ecológica, por exemplo.

Na região, o acampamento interage com a comunidade e participa de eventos, como a Festa do Divino e Feiras de trocas de mudas e sementes crioulas.

“Ampliar o acampamento foi necessário e urgente para denunciar essa situação de descaso com as famílias que só querem ter uma vida mais digna no campo, com a possibilidade de também oferecer alimentos saudáveis para Lagoinha e região”, complementou Tainara Lira, da coordenação do acampamento.