Arte e cultura caminham lado a lado com a produção de alimentos saudáveis
Por Wesley Lima
Da Página do MST
A arte e a cultura são duas dimensões da luta pela terra que estão presentes em todos espaços organizativos do MST e na 1º Feira Estadual da Reforma Agrária, que começou na quinta-feira (23) e segue até este sábado (25), não seria diferente.
A Praça Ary Coelho, em Campo Grande –MS, onde as atividades acontecem, está pintada com as cores e os sabores dos alimentos, mas também, de dança, canções e reflexões, com a participação de grupos de teatro e músicos populares da região.
Essa mistura, para direção do movimento no estado, mostra que não existe separação entre a produção de alimentos saudáveis da cultura popular, pois ambos são instrumentos políticos, que garantem organicidade, formação e luta na construção da Reforma Agrária Popular.
Ao compreender essas questões, Atiliana Brunetto, da coordenação nacional do MST, diz que a Reforma Agrária Popular vai além da produção. “Nosso projeto popular para o campo, repensa a cultura dentro dessa sociedade capitalista”, explica.
Para ela, existem vários aspectos da cultura, como a música regional, o teatro que trazem a história de grandes líderes e novas construções de linguagens, com foco na defesa da sociedade que queremos, do sujeito que queremos. “Essa amplitude de cultura, comida, música, para nós é Reforma Agrária Popular e é isso que estamos trazendo para todas as feiras”.
Exemplo concreto desse processo, foi a apresentação do Grupo de Teatro Imaginário Maracangalha, que com o espetáculo “Tekoha: Ritual de Vida e Morte do Deus Pequeno” narrou a trajetória do líder guarani Marçal de Souza e sua resistência histórica na luta pela terra e direitos dos povos indígenas.
Fernando Cruz, ator e diretor do grupo de teatro, enfatiza que não tem como desvincular a arte da política, “uma coisa é inerente a outra”.
“Historicamente, a arte sempre esteve junto as grandes revoluções da humanidade […] Hoje a arte faz parte do próprio Movimento, pois é um elemento que humaniza as lutas, comunica e que dá condições para continuarmos sonhando, sem perder a esperança e a força de lutar”, comenta Cruz.
Segundo Cruz, a arte de resistência é não transgênica, tendo em vista que nos marcos do capital, tem se tornado “mercadoria” e “perfumaria”. “Nós propomos uma outra arte, uma arte que humaniza, que atinge corações e mentes e por isso, transforma tudo que está em torno”.
Fala ainda, que é impossível desassociar a produção de alimentos da produção artística. “A arte existe desde que o homem é homem e ela continuou até hoje, ancestralmente, garantindo a nossa existência […] Onde houver vida, vai sempre haver arte e alimentos saudáveis”.