“Sim, Eu Posso!” alfabetiza 234 trabalhadores Sem Terra no extremo sul da Bahia
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
A caravana contra o analfabetismo, puxada pela Brigada de Alfabetização Carolina de Jesus passou por 11 áreas de acampamentos e assentamentos no extremo sul da Bahia e alfabetizou 234 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra através do “Sim, Eu Posso!” no período de oito meses.
Para comemorar essa conquista e levantar a bandeira de territórios livres do analfabetismo, nesta última quinta-feira (7), o MST reuniu os recém alfabetizados para festejar durante o 30º Encontro Regional do MST no Assentamento Riacho das Ostras, localizado no município do Prado.
“Não foi fácil concluir essa etapa. Cuidar da lavoura, dos animais, da casa, dos filhos e ainda ter que estudar é complicado, mas com a animação das educadoras e educadores e dos colegas de classe foi possível concluir”, disse emocionada, dona Maria do Carmo, moradora do Assentamento Paulo Kageyama, em Eunápolis, ao receber um certificado de conclusão do projeto.
Para chegar a esse momento, a brigada iniciou o processo de alfabetização na região em 2015 com 29 turmas e um total de 300 trabalhadores e trabalhadoras matriculadas. A partir dos resultados positivos do método implementado nos assentamentos e acampamentos, a experiência cresceu, resultando na erradicação do analfabetismo em diversas áreas do MST.
Durante a comemoração, quando todas essas questões foram rememoradas, os estudantes, ao lado dos educadores e educadoras, contaram com a participação da Direção Regional do MST e de diversos militantes. “Desta vez, a vitória foi a ocupação do latifúndio do saber, pois a nossa luta não e só pela terra, mas também pela alfabetização, pela soberania alimentar e justiça social”, disse Eliane Kai, do Setor de Educação do movimento na região.
Homenagens
Além de referendar os estudantes, diversas homenagens foram realizadas durante a formatura. Nomes como o do companheiro Sofia, do Acampamento Irmã Dorothy, também de Eunápolis, e da professora Mariana Adão, que faleceram durante o desenvolvimento do projeto, foram lembrados como fonte de inspiração para dar continuidade à luta pela educação.
Segundo Kai, nessa caminhada pela educação, o “Sim, Eu Posso!” tem alinhado a luta pela terra com a defesa da alfabetização. “Não existe satisfação maior do que ver companheiros e companheiras, que não tiveram oportunidade de estudar durante a infância e adolescentes, receberem seus diplomas de alfabetizados na idade adulta”, disse.
Outro fator importante no processo de construção das turmas foi a inserção do debate da agroecologia. “É impossível discutir a luta pela Reforma Agrária Popular separada da agroecologia e do letramento”, enfatizou Eleneuda Lopes, militante do MST e integrante da Brigada Carolina de Jesus.
Para inserir esse debate, primeiro foi realizado uma capacitação com os educadores e educadoras populares, sendo possível fazer da agroecologia um instrumento interdisciplinar nos conteúdos abordados nas turmas. Em seguida, foi utilizado o conhecimento popular para ajudar no aprendizado.
“Nossa tarefa agora é permanecer na luta pela terra e massificar a compreensão de que aprender a ler e escrever é um passo essencial na construção de um projeto de sociedade mais humano e igualitário”, concluiu Lopes.
*Editado por Leonardo Fernandes