“Enfrentar o patriarcado é central na luta de classes”

Jazian Mota, da direção estadual do MST, destaca que a assembleia de mulheres da regional extremo sul teve o objetivo de direcionar as linhas estratégicas de lutas do Movimento para o próximo período
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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

As mulheres Sem Terra têm protagonizado diversas lutas em defesa da terra e da produção de alimentos saudáveis no extremo sul da Bahia, uma região marcada pelo deserto verde, que consiste nos grandes monocultivos de eucalipto e se caracteriza pelos impactos ambientais provocados pela produção em grande escala.

A partir de ocupações e a incansável participação nos vários espaços coletivos, a denúncia, em torno da violência patriarcal, como o machismo, o sexismo e a misoginia, tem crescido e garantido um amplo processo de organização.

Essas questões foram apontadas durante a 1º Assembleia de Mulheres do Movimento Sem Terra, que aconteceu na tarde deste último sábado (9), no Assentamento Riacho das Ostras, localizado no município do Prado.

A atividade fez parte da programação do 30º Encontro Regional do MST no Extremo Sul da Bahia, que debateu o atual momento político e os impactos dos desmandos do governo Temer na vida dos camponeses assentados e acampados no estado.

Jazian Mota, da direção estadual do MST, ao compreender a importância do protagonismo das mulheres Sem Terra na construção da Reforma Agrária Popular, destaca que a assembleia teve o objetivo de direcionar as linhas estratégicas de lutas do Movimento para o próximo período.

“Historicamente, precisamos entender que as lutas das mulheres sempre foram colocadas no bojo da esquerda como uma pauta secundária e não esteve na centralidade. Por isso, que o todo do Movimento necessita se articular em torno do feminismo e enfrentar o patriarcado como central na luta de classes”, explica Mota.

Segundo Simone Rodrigues, moradora do Acampamento Irmã Dorothy, localizado na cidade de Eunápolis, os desafios impostos às mulheres são históricos e continuam até os dias atuais.

“É necessário romper com o machismo, com o patriarcado e com essa estrutura de exploração de bases heterossexista, que colocam as mulheres no espaço de submissão e de desvinculação de um processo de luta, ou seja, a margem de qualquer desenvolvimento político e social”, pontuou Rodrigues.

As reflexões realizadas na assembleia foram socializadas no Encontro Regional e, a partir disso, trouxe elementos para construção das lutas do MST na região e em todo estado.