Sem Terra se reúnem no 28° Encontro Estadual no Pará

Com uma programação intensa, os militantes compartilharam momentos de debates, avaliações e reflexões sobre a atual conjuntura
IMG-20180208-WA0008.jpg
Foto: Carlinhos Luz

 

Do Setor de Comunicação do MST-Pará
Para Página do MST 

 

Com vigor a cada narrativa das histórias das ocupações de latifúndios e na luta pela terra na região de Carajás, o MST Pará iniciou seu 28º Encontro Estadual, ocorrido entre dias 7 a 10 de fevereiro no assentamento Palmares II, em Parauapebas, sudeste do Estado.

Com uma programação intensa, os militantes compartilharam momentos de debates, avaliações e reflexões sobre a atual conjuntura. No primeiro dia, pela manhã, foi realizada a análise de conjuntura política intermediada por João Paulo Rodrigues da coordenação nacional do MST e Ádima Monteiro da Consulta Popular.

Dentre as assuntos da política nacional e da região amazônica foram citadas as privatizações dos recursos naturais, dos bens públicos, reorganização dos países considerados potências mundiais e a disputa de hegemonia política e ideológica nesta era do uso das tecnologia da informação.

João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, além de apresentar os dilemas da classe trabalhadora neste contexto apresentou para os participantes do evento os desafios diante a conjuntura complexa e construir um calendário unitário de lutas das organização sociais, dos movimentos populares e partidos políticos. O coordenador deu destaque às tarefas da frente Brasil Popular neste período e, para além disso, instigou os
militantes a iniciar grandes debates com o conjunto da sociedade de um projeto popular para o Brasil.

IMG-20180211-WA0069.jpg
Foto: Carlinhos Luz

Ádima Monteiro falou das desigualdades sociais existentes no Pará e os impactos do capital e a exploração no território amazônico, citando o processo de urbanização e formação das cidades nas regiões do estado, exemplificando cidades pólos e a disputa entre famílias oligárquicas e seus interesses econômicos nos municípios paraense.

A integrante da coordenação nacional da Consulta Popular também falou sobre o plano de luta da Frente Brasil Popular e o Congresso do Povo. Ela reforçou a participação das mulheres na vida política das organizações, a formação política e ideológica da presença feminina na construção de um projeto unitário. “Temos que garantir a construção das lutas com a participação dos homens e mulheres” enfatizou Monteiro.

Entre os debates em plenária e contribuição dos participantes do encontro foram apresentadas algumas estratégias sobre a reflexão no território amazônico nos próximos períodos de lutas sociais.

 

Durante as conversas também destacou-se a questão racial na luta de classes e as reflexões sobre a identidade dos sujeitos e movimentos especialmente a presença dos negros e negras na luta do campesinato, na luta Sem Terra pela terra.

IMG-20180208-WA0022.jpg
Debatedores / Foto: Carlinhos Luz

Conjuntura Agrária e os desafios no Pará

O debate da análise de conjuntura feita e agregando a questão agrária, foram destacados na atividade. A mediação foi feita por Giselda Coelho do MST-PA e Luiz Zarref do MST-GO que abordaram as forças políticas no campo e suas principais ações.

“Temos que fazer o resgate desse momento de crise do capital. Como que essa crise está relacionada e processo de exploração e retirada de direitos, como isso impacta diretamente com a vida política agrária, tendo em vista que houve mudança das forças hegemônicas no campo. Saímos de um modelo de latifúndio clássico para um latifúndio subordinado ao mercado financeiro, da burguesia transnacional” apresentou Zarref.

Os militantes do setor de produção relataram que a crise do capital impõe diversos cenários de retiradas de direitos, desde reformas que aumenta a exploração da mais valia, quanto a destituição de políticas afirmativas, construída pelas lutas dos trabalhadores. “Esse processo do neo liberalismo de forma exacerbada tem alguns níveis de contradições como a concentração de riqueza, que consequentemente o aumento da desigualdades; a falta de um projeto de nação que tem apenas a exploração e retirada de direitos como plataforma de expansão do poder econômico” frisou o Sem Terra.

Na exposição, eles também trouxeram reflexões sobre a burguesia transnacional como ela se organiza de forma global atuando no mercado financeiro. “A burguesia nacional com sua atuação de gerar lucro para o mercado financeiro põe em cheque o estado, obrigado a fazer reformas estruturantes para consolidação de um neo liberalismo muito mais exacerbado, apresentando reformas que destrói as conquistas dos trabalhadores nos
últimos anos” disse Zarref.

Giselda Coelho, expôs como esses diversos interesses afetam nossos territórios e as medidas criadas do governo pós golpe, gerou consequências no campo. O acirramento da luta dos trabalhadores e trabalhadora no campo além do aumento da violência.

Também destacou a naturalização da criminalização dos movimentos sociais e destruição das conquistas da Reforma Agrária. “É necessário avançarmos com a unidade da luta dos povos no campo. Os desafios para
os próximos períodos está posto e a unidade da luta vai ajudar e garantir a sobrevivência
nesses próximos períodos” salientou a camponesa.

Além disso, foi relatado a “PEC do teto dos gastos” que limita os investimentos nos principais programas de desenvolvimento social, principalmente no campo onde tem o índice de desenvolvimento social mínimo, a reforma da previdência que tira o direito de aposentadoria dos sujeitos do campo, a Medida provisória 759, que ao mesmo tempo municipaliza a reforma agrária que é uma reforma estrutural na política nacional.

Durante o encontro dos trabalhadores e trabalhadoras rurais houve um momento de análises política do Pará que contou com a participação de representantes dos partido como PT, PCdoB e PSol. Com bastante participação dos presentes na plenária, foram acaloradas intervenções. “A unidade se faz necessária. Precisamos de uma frente ampla de combate e manifestações de todos os tipos dos partidos, de enfrentamento e resistência no país contra o Golpe. Comentou o deputado Estadual do Partidos dos Trabalhadores do Pará, Carlos Bordalo.