Paraná: trabalho voluntário e método Sim, Eu Posso propicia mais adultos lerem o mundo

A população acampada anuncia que estão motivados para iniciar novas turmas, pois perceberam que é mesmo possível aprender a ler e escrever com o "Sim, Eu posso"..

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Por Coletivo de Educação e Comunicação do MST Paraná
Da Página do MST

 

Inspirados nas Brigadas Nacionais de Alfabetização que se ampliam Brasil a fora, em especial no Nordeste, e movidos pelos processos que nos anteciparam em outros países da América Latina e da África, no ano de 2017, o MST no Paraná retoma o trabalho de alfabetização de jovens e adultos pelo método “Sim, Eu Posso” e Círculo de Cultura. Em todo o mundo já totalizam 3, 5 milhões de pessoas alfabetizadas pelo método cubano

Desde então se inicia a mobilização e trabalho em dois espaços com trabalho voluntário de jovens e adultos que se propõem ser educadores e educadoras: no Acampamento Fidel Castro, município de Centenário do Sul e  no Acampamento Maria Rosa, município de Castro. O objetivo é, paulatinamente, avançar para outros acampamentos e assentamentos do Paraná.

No final de 2017, a comunidade comemorou a formação de 24 educandos e educandas pelo método “Sim, Eu Posso”, no acampamento Fidel Castro, os quais continuam a luta pela ampliação do direto da leitura e escrita por meio do Círculo de Cultura.

No Município, segundo o último Censo realizado pelo IBGE em 2010, havia 2.109 analfabetos, cerca de 19% da população com mais de 15 anos, fruto da negação do direito à educação. Como disse Fidel Castro, grande inspirador do Sim, Eu Posso: “Temos que converter a educação em uma virtude e a ignorância em um vício”.

Em 17 de fevereiro, depois de 75 dias do processo de alfabetização pelo “Sim, Eu Posso”, um ato público, com mística e festividade, celebrou a formação de mais seis camponeses alfabetizados no Acampamento Maria Rosa, que também permanecem mobilizados pela leitura do mundo por meio de aulas com o Círculo de Cultura.

O momento foi marcado por depoimentos, entre eles da camponesa Serli Silva, que exterioriza o sentido do aprendizado das letras: “Eu, com 59 anos, me sinto hoje uma criança, pois o direito que me tiraram de ler e escrever. Hoje estou conquistando”.

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Seu Francisco expressa a função social do programa. “Me disponibilizei a cuidar da vendinha do acampamento para contribuir, mas eu tinha dificuldade, pois era analfabeto, fazia as conta na cabeça, hoje, alfabetizado, me sinto mais útil no mercado, me sinto melhor para esta tarefa para a luta”, declara.

Com a conclusão desta primeira fase do Sim, Eu Posso a população acampada do Maria Rosa, anuncia que estão motivados para iniciar novas turmas, pois perceberam que é mesmo possível aprender a ler e escrever com o “Sim, Eu posso”.

O MST tem demonstrado que o compromisso da luta pelo direito de ler e escrever é de toda a comunidade e não apenas dos educandos e educandas.

A missão é ampliar o compromisso político de superar o analfabetismo nos territórios, garantido que todos e todas Sem Terra tenham acesso à leitura e à escrita para qualificar sua condição de ser humano lutador e construtor de novas relações sociais.

E o processo não para…

No Paraná, o desafio é a constituição de uma Brigada de Alfabetização, que já tem seus embriões nos dois processos mencionados e por meio da formação de educadores e educadoras de outras áreas.

Os trabalhos iniciaram em dezembro de 2017 para expandir o “Sim, Eu Posso” e os círculos de Cultura em mais cinco comunidades ainda no primeiro semestre de 2018.

Estes processos de alfabetização com trabalho voluntário têm apresentado um duplo sentido no Paraná. Primeiro, na ausência de responsabilidade do Estado em garantir políticas públicas estruturante para erradicação do analfabetismo, se realizam voluntariamente.

Segundo , mas nunca abrindo mão de fazer articulado a estes processos, a luta pela responsabilização do Estado em garantir o financiamento da educação pública voltada para EJA. Esta dimensão faz parte do desafio da luta contra a ignorância do capital, segundo os mobilizadores

 

 

*Editado por Rafael Soriano