Assentados comemoram três anos de cultivo de feijão orgânico no RS
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
A Associação de Produtores Ecológicos Conquista da Liberdade (Apecol) comemorou neste domingo (8) os três anos da sua fundação. O evento celebrativo, que reuniu cerca de 300 pessoas, foi realizado na sede da entidade, localizada no Assentamento Conquista da Liberdade, no município de Piratini, na região Sul do Rio Grande do Sul.
As atividades começaram ainda pela manhã, com a presença de autoridades e de lideranças locais e regionais, como prefeitos, vereadores e secretários municipais, além de representantes da Emater e de cooperativas do MST. À tarde, ocorreram apresentações culturais e diversos jogos esportivos, como partidas de bocha e futebol.
Durante o evento, foi feita uma homenagem ao casal de camponeses assentados da Reforma Agrária, Elpídio Alves da Silva e Lourdes Feliciana da Silvia. Ela foi responsável por resgatar com amigos e preservar, há 25 anos, um tipo de tomate cereja graúdo, que gera bom rendimento em sementes e polpa.
O fruto em questão tem grande capacidade de produção e potencial de adaptação para sistemas orgânicos e agroecológicos. Hoje, a variedade de tomate leva o nome de Bio Feliciana, em homenagem à dona Lourdes, e já está no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura (MAPA). Ela é produzida pela Rede de Sementes Agroecológicas Bionatur, que também é uma iniciativa do MST.
Desafios
Conforme José Venâncio, presidente da Apecol, a associação conta com 22 famílias associadas, que vivem no Assentamento Conquista da Liberdade e no Assentamento Conquista da Luta, ambos situados em Piratini. Elas produzem cerca de 60 variedades de sementes orgânicas de feijão preto e de cor, que são comercializadas principalmente em feiras ecológicas.
Para Venâncio, nestes três anos de fundação, a avaliação que se faz é positiva. “Temos um grupo de famílias firmado, tanto na produção quando na comercialização, e que possui muitos conhecimentos em agroecologia. Hoje, a Apecol é uma referência em produtos orgânicos na região e tem ponto de feiras com vendas bem estáveis”, conta.
Segundo o presidente, o desafio da associação para os próximos anos é permanecer organizada e motivada para produzir mais alimentos saudáveis e um número maior de variedades de feijão. “Temos que ter cada vez mais consciência que a produção orgânica é a saída para a agricultura familiar, para termos uma vida digna no campo e com resistência à ofensiva do agronegócio e a sua destruição de vidas”, acrescenta.
Ele diz, ainda, que o objetivo da Apecol é começar a fazer o empacotamento e conquistar novos pontos de feira em outras cidades da região Sul — Atualmente, a Apecol faz feira bisemanal no Centro de Piratini e diariamente nas margens da BR-293, no km 75/76, entre Pelotas e Bagé. Ela também participa da Feira Latino-Americana de Economia Solidária(EcoSol), que acontece todos os anos em Santa Maria, na região central do estado.
* Editado por Maura Silva
