Sem Terra ocupam fazenda de Oscar Maroni, no interior de SP

O MST já ocupou a Fazenda Santa Cecília outras três vezes. A primeira ocupação ocorreu em abril de 2009, com mais de mil famílias
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Litros de agrotóxicos encontrados na fazenda/Divulgação MST

 

Do Coletivo de Comunicação MST-SP
Para Página do MST 

Na madrugada desta terça-feira (17), cerca de 300 integrantes do MST ocuparam a fazenda Santa Cecília, localizada em Araçatuba, São Paulo. A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária e denuncia as violências que o proprietário da área, Oscar Maroni, tem cometido contra as mulheres.

A fazenda possui aproximadamente 1700 alqueires e já esteve envolvida em processos trabalhistas que a levaram a leilão em fevereiro de 2016. O MST exige que a área seja destinada para a Reforma Agrária, para a construção de um assentamento onde as famílias possam morar e produzir alimentos agroecológicos, trabalhando sob relações de gênero igualitárias.

Esta é quarta ocupação do Movimento na fazenda do empresário, famoso por agenciar casas de prostituição de luxo como o Bahamas Club, onde Maroni promoveu uma festa na sexta-feira, 6 de abril, em comemoração à prisão do ex-presidente Lula. Nesta noite, sob retratos de Sergio Moro e Carmen Lúcia, Maroni agrediu sexualmente diversas mulheres, expondo o corpo de muitas trabalhadoras do sexo perante centenas de homens que se aglomeravam em frente à boate devido ao atrativo de cerveja grátis anunciado pelo empresário.

“Um dos objetivos desta ocupação é repudiar as relações machistas que Oscar Maroni estabelece com as profissionais do sexo, uma relação de exploração mercantil, como foi no episódio da sexta-feira”, diz a dirigente do MST em São Paulo, Manuela Aquino, em referência à festa no Bahamas Hotel Club. Dias antes, Maroni prometeu recompensas a quem assassinasse Lula na cadeia.
 

Prisões

Oscar Maroni está envolvido em diversos processos judiciais e já foi preso mais de três vezes. Em 1998, foi preso por envolvimento com prostituição. Em 2007 foi detido em âmbito do inquérito que viria a condená-lo em 2011, pela 5º Vara Criminal de São Paulo a 11 anos de prisão pelos crimes de favorecimento à prostituição, tráfico de mulheres e formação de quadrilha, entre outros. A investigação teve início em 2004, quando foi encontrada no
Bahamas uma relação com dados de funcionários da Prefeitura de São Paulo, militares da
aeronáutica e policiais, possíveis frequentadores do local.

Em 2009 Maroni foi novamente preso, depois do vazamento de um áudio onde negociava com uma mulher a realização de programas de luxos para empresários. Além das dívidas trabalhistas que envolvem a Fazenda Santa Cecília, Maroni já foi autuado pelo Ministério Público Federal pelo crime de sonegação de impostos.

Histórico de ocupações

O MST já ocupou a Fazenda Santa Cecília outras três vezes. A primeira ocupação ocorreu em abril de 2009, quando mais de mil famílias denunciaram as irregularidades da área, pautando sua destinação para a Reforma Agrária. A segunda ocupação se deu na Jornada de Lutas de agosto de 2013, e em abril de 2015 o Movimento voltou a ocupar a fazenda, cobrando agilidade do Incra no atendimento das reivindicações.

Atualmente a fazenda está arrendada para o grupo Raízen, que mantem uma plantação de cana-de- açúcar na área com uso intensivo de agrotóxicos.

Jornada Nacional de Lutas

A ocupação desta terça (17) integra a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, que rememora o Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996 na Curva do S, estado do Pará, e que completa 22 anos de impunidade em 2018.

Além de cobrar justiça para os 21 companheiros assassinados na ocasião, a Jornada também denuncia a paralisação da Reforma Agrária, a arbitrariedade da prisão de Lula e reivindica agilidade nas investigações do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

 

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