Dia Internacional Contra a Homofobia: entidades lançam manifesto pela igualdade e contra a violência
Da Página do MST
Nesta quinta-feira (17) celebra-se o Dia Internacional Contra a Homofobia. Essa foi a data em que a homossexualidade foi excluída da classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde, em 1990.
Em todo o mundo, milhares de pessoas manifestações e atos de combate violência contra pessoas por identidade de gênero e/ou orientação sexual.
No Brasil, o país que mais mata LGBTs em todo mundo – um a cada 19 horas segundo relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB) – entidades se uniram em uma manifesto para pedir pela igualdade e o fim da violência. O texto também ressalta que: “a comunidade LGBTI é igualmente atingida pelas consequências de um cenário mundial de agravamento da crise do capitalismo e aprofundamento dos ataques do grande capital aos direitos sociais e a classe trabalhadora, e de um recrudescimento do conservadorismos através dos machismos, racismos, lgbtqifobia, xenofobia e de outras formas correlatas da intolerância”.
Acompanhe:
O Dia 17 de Maio é celebrado em todo o planeta como Dia Mundial de Luta Contra a LGBTIfobia, por ser a data na qual, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da classificação das doenças. Trata-se de um dia não para pura e simplesmente “festejar”, mas refletir sobre nossa situação como lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexos.
Não podemos esquecer que ao lado da LGBTIfobia somos igualmente atingidos pelas consequências de um cenário mundial de agravamento da crise do capitalismo e aprofundamento dos ataques do grande capital aos direitos sociais e a classe trabalhadora, e de um recrudescimento do conservadorismos através dos machismos, racismos, lgbtqifobia, xenofobia e de outras formas correlatas da intolerância. Na América Latina, o imperialismo avança em sua sanha golpista e vemos governos neoliberais aprofundando medidas anti povo, de redução de direitos sociais e de criminalização dos movimentos sociais.
A situação das pessoas LGBTI pelo planeta mostra que, apesar de alguns avanços institucionais localizados, continua muito alta a incidência de atos de preconceito e discriminação. Ainda temos dezenas de países que criminalizam as pessoas LGBTI, alguns inclusive com a pena de morte, e é crescente a articulação de setores religiosos conservadores em oposição ao reconhecimento de direitos para o nosso segmento.
Um dos instrumentos dos ataques destes setores é o combate à inventada “ideologia de gênero”, sob cujo espantalho tem sido aprovadas normatizações que visam impedir que a educação tenha abordagens voltadas à igualdade de gênero, bem como à diversidade sexual, assim como qualquer avanço de direitos e empoderamento no campo de gênero, o que atinge não só a população Trans, mas todas as mulheres e LGBTI.
No Brasil, o golpe desfechado contra a Presidenta Dilma Rousseff fortaleceu os setores conservadores que sempre nos combateram, e o governo ilegítimo de Temer e seus aliados do grande capital têm agravado a situação a cada dia, com a criminalização da pobreza, dos movimentos sociais e de quem luta, muitas vezes vitimadxs por uma violência assassina. A execução sangrenta de Marielle Franco e de mais lutadorxs sociais por todo o país evidencia uma escalada repressiva que parece não ter limites.
Nossa luta não começou agora e não será apagada. Muitas pessoas LGBTI pavimentaram – inclusive com seus corpos e seu sangue – um caminho para que ousássemos vir às ruas em grandes paradas e manifestações sob a bandeira do arco-íris, exigindo um país justo e igualitário, e construindo com os demais movimentos sociais um campo popular neste Brasil, como um povo sem medo, sem medo de lutar! Não recuaremos um milímetro da necessidade de lutar pela liberdade e pela democracia, e nossa resistência se expressa quando nossos corpos transitam pelas cidades e nossas vozes ecoam como afronta aos privilégios de gênero.
Marielle nos inspira como mulher negra, lésbica e favelada que colocou em outro patamar essas lutas, sendo por isso assassinada pela intolerância. Ao erguermos nossas vozes contra o feminicídio e o genocídio do povo negro recordaremos que a maioria de nós LGBTI é de mulheres, e de negros e negras.
A prisão política do ex-presidente Lula, ordenada por um judiciário que sempre foi, em vez de garantidor de direitos, uma instituição que ratificou privilégios das elites, se insere no contexto de ascensão conservadora que emergiu no país fortalecida pela mídia monopolista e financiada pelos partidos da direita, como parte da sua estratégia para chegar ao poder. Lula, assim como uma parte significativa da população encarcerada no Brasil, é um preso político na democracia. Defendemos o direito de Lula de ser candidato inclusive porque sabemos que o plano para impedi-lo tem a ver com a tentativa de garantir a continuação da retirada de nossos direitos promovida por Michel Temer.
A escalada de chacinas; a criminalização da pobreza; o genocídio das populações negras; o feminicidio; a intervenção militar, versão 2018; o combate às políticas públicas LGBTI, principalmente com ênfase na privação da liberdade da reflexão crítica na escola e em outros equipamentos públicos sobre a importância de enfrentamento às desigualdades e violências de gênero; a ampliação dos investimentos na guerra contra as drogas (como um disfarce para manter uma guerra contra pessoas pobres, negras e de periferia); representam, juntos, uma ameaça grave e urgente a todo o sistema democrático.
Embora esteja nítido o avanço desse bloco autoritário e fascista, consideramos que suas investidas antidemocráticas não nos derrotaram, nem nos derrotarão. O brutal ataque contra Marielle, uma de nós, e mais recentemente contra Lula, um de nós, contribuiu para unificar o maior bloco social, popular e sem medo, produzido pela Esquerda e pelos setores progressistas no último período.
Acreditamos que a unidade das forças democráticas, populares e dos movimentos que lutam contra todas as formas de opressão é fundamental para vencer o autoritarismo organizado e denunciar o fascismo que financia o golpe e atinge o povo brasileiro. As vidas LGBTI importam, assim como todas as vidas do nosso povo que têm sido retiradas neste processo até aqui.
As gay, as bi, as trava e as sapatão, tão tudo organizada pra fazer revolução e por isso acreditamos ser fundamental que o Dia 17 de Maio seja neste 2018 um Dia Nacional Unificado de Luta, com manifestações de rua por todo o País, articulando coletivos, coletividades, organizações e das pessoas LGBTI pelo Brasil.
Assinam:
ABGLT – ABL – ANTRA – ART GAY – ART JOVEM LGBT – CANDACES – CUT – COLETIVO LGBT – CNTE – COLETIVO LGBT – FONATRANS – ICM – MÃES PELA IGUALDADE – MST – COLETIVO LGBT – REDE SAPATÁ – RNP+ – UNA LGBT