Cooperativa brasileira expõe produtos agroecológicos em feira na China
Por Luiz Tasso Neto
Da Agência Xinhua*
Beijing, 17 mai (Xinhua) — Na onda chinesa de apoiar a agricultura ecológica e a agricultura familiar como forma de auxiliar no trabalho de erradicação da pobreza no país até 2020, uma cooperativa brasileira que se baseia exatamente nestes dois pilares chega à China para expor seus produtos ecologicamente corretos na maior feira de inovação alimentar da Ásia, a Sial China 2018, que começou nesta quarta-feira em Shanghai.
A Cooperativa Terra Livre é uma central que aglomera e organiza inúmeras associações comunitárias, famílias e produtores no Brasil. Criada em 2007, seu principal objetivo é promover a comercialização de alimentos das cooperativas de reforma agrária. Nacionalmente, 150 cooperativas estão envolvidas na produção de café, leite e derivados, sucos de fruta, arroz orgânico, feijão, pimenta, sementes orgânicas, mel, geléias e cachaça, entre outros. A Terra Livre se destaca pela produção de comida saudável, usando princípios agroecológicos, evitando o uso de pesticidas e de elementos geneticamente modificados. E é por este caminho que a cooperativa pretende entrar no mercado chinês.
No final do mês de abril deste ano, o ministro da Agricultura e Assuntos Rurais da China, Han Changfu, apresentou um relatório na sessão bimestral do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional, no qual destacou a importância da proteção ambiental e da conservação dos recursos no setor agrícola. Ao mais alto órgão legislativo do país, ele revelou que a China “incentivará a agricultura ecológica, expandirá programas piloto para substituir fertilizantes químicos por alternativas orgânicas e acelerará esforços para reutilizar restos agrícolas”.
Em entrevista à Xinhua, Carla Guindani, da coordenação nacional da cooperativa, destacou que a participação da Terra Livre na Sial visa apresentar a produção agroecológica à China e abrir caminhos para a comercialização dos produtos das cooperativas de reforma agrária do Brasil no mercado chinês. Para tanto, uma das vantagens apresentadas é a negociação direta com o produtor.
“Ao eliminar a figura do atravessador – quem compra do produtor e revende – o agricultor é beneficiado ao ver sua renda incrementada e, por outro lado, o consumidor, ao ter acesso a alimentos mais baratos e ecologicamente sustentáveis”, salientou Guindani.
Além disso, a cooperativa “tem interesse em estabelecer uma aliança de cooperação técnica diretamente com o governo chinês para aprimorar a tecnologia para a produção agrícola com técnicas agroecológicas, visando a produção em larga escala de alimentos livres de agrotóxicos”, completou. Esta intenção tem base na própria política chinesa para o campo.
O consultor comercial da Terra Livre para a Ásia, o empresário Rodrigo do Val Ferreira, que vive na China há 14 anos, enxergou a oportunidade de trazer a cooperativa para expor seus produtos e ideologias na Sial China 2018. “Participamos do processo seletivo da própria Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, ligada ao Ministério das Relações Exteriores) e ficamos posicionados na sétima colocação, dentre mais de 100 empresas”, destacou Ferreira. Ao todo, 26 foram selecionadas para expor no pavilhão brasileiro.
A feira abre as portas do país asiático a empresas e instituições determinadas a entrar num dos maiores mercados globais. O evento vai até esta sexta-feira e terá a participação de 3.400 exibidores de 67 países e regiões, com 110.000 profissionais.
E no meio de tantos participantes, a Cooperativa Terra Livre quer se destacar. “O diferencial é apresentar para o mercado chinês produtos agroecológicos diretamente comercializados por meio das cooperativas, sem intermediários. Esse processo faz com que o custo do produto final se torne mais atrativo para o consumidor local. Além de fomentar a agricultura cooperativista, proporcionará à população o consumo de uma alimentação saudável e economicamente acessível”, exaltou Carla Guindani.
*Gentilmente cedido para a Página do MST