“Comercializar é comunicar. É dialogar sobre a Reforma Agrária Popular”, explica dirigente

Às vésperas da 4º Feira Estadual da Reforma Agrária, Lucineia Durães, da direção nacional do MST fala sobre o papel que as feiras cumprem no diálogo com a sociedade
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Lucineia Durães, da direção nacional do MST/Divulgação

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

 

Às vésperas da 4º Feira Estadual da Reforma Agrária, que começa nesta quinta-feira (14) e se estende até o sábado (16), na Praça da Piedade, no Centro de Salvador, diversos temas são debatidos pelas famílias assentadas e acampadas na Bahia, entre eles a produção agroeocológica e o processo de comercialização.

Lucineia Durães, da direção nacional do MST e assentada em área de Reforma Agrária, fala em entrevista para a página do MST sobre o papel que as feiras cumprem no diálogo com a sociedade ao mostrar na prática que a luta pela terra traz resultados importantes para todo o país.

Ela conta também, que esse processo fortalece, de maneira ampla, o debate em torno da comercialização de produtos da Reforma Agrária. “Potencializar nossa comercialização é garantir que o símbolo da luta alcance mais e mais pessoas”.

Confira a entrevista na íntegra.

No estado da Bahia, o MST triou como decisão política a construção de uma frente de comercialização. Como está esse processo? A 4º Feira Estadual faz parte dessa estratégia?

Com certeza. O setor de produção do MST tem articulado junto com a frente de comercialização, que ainda possui um trabalho embrionário na Bahia, para acessar o que for possível de produtos, a partir das experiências desenvolvidas em nossos assentamentos e acampamentos. Nosso objetivo é garantir o abastecimento de nossas cidades e dá visibilidade para isso. Nossas feiras têm cumprido essa função, levando alimentos saudáveis para todos e todas.

Quais os benefícios desta frente para famílias assentadas e acampadas?

Diversos. Um deles é o de impulsionar o desenvolvimento das produções e tencionar para garantir a execução e participação das famílias Sem Terra no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Temos conseguido também viabilizar o acompanhamento permanente das cooperativas e a inserção de mais famílias assentadas em feiras locais. Isso é um avanço significativo para o conjunto do Movimento.

Já que estamos falando em feiras, o MST na Bahia está se preparando para 4ª edição da Feira Estadual da Reforma Agrária. Qual a expectativa para essa feira?

As feiras são espaços de comercialização e de diálogo do MST com a sociedade. É o que propomos fazer quando ocupamos uma terra, produzir alimentos saudáveis e acessivos à população. Nós temos o desafio de potencializá-las nas regiões e de construir coletivamente como entrar num mercado mais justo e solidário. A 4º feira é reflexo desse processo de construção coletiva e, principalmente, nos ajuda a direcionar a luta política, pois compreendemos como central que nossa alimentação é um ato de resistência, diga-se político.

A partir das experiências do Movimento, quais os desafios da comercialização?

Estamos transitando do convencional para agroecológica, nos laticínios, sucos e sementes de hortaliças, farinha, chocolate e feijão, ou seja, existe uma base produtiva, mas falta organizar e isso vamos consolidar com a construção de agroindústrias; ampliando o processo de certificação; e garantindo a logística.